Fazer música é uma arte. Fazer instrumentos musicais, também. Enquanto o poeta (ou o compositor) torce, aprimora, alteia e lima frases, o luthier corta, lixa e dá forma aos instrumentos. É um construtor de futuros sons, de futuras canções. De sons únicos, diga-se de passagem. Afinal, um instrumento feito por um destes artesãos é e sempre será exclusivo. Mas afinal, você sabia o que é e o que faz um luthier? E sabia que Curitiba tem o único curso superior na área?

"A luteria ainda não é muito conhecida no nosso País, muitos músicos e mesmo professores de música desconhecem nosso trabalho", afirma o luthier Andreas Hellmann, especialista em instrumentos de corda acústicos (violinos, violas, cellos, violões, alaúdes e etc.).

Formado em 2013 pelo curso superior de Luteria da UFPR, o profissional demorou para conhecer a profissão que viria a ser mais do que seu sustento, seria sua paixão. Eu aprendi a tocar violão com o meu pai e com o tempo também tive contato com o violoncello, mas não conhecia a luteria. O primeiro contato foi na feira de profissões da UFPR. Na época eu cursava Engenharia Industrial Mecaânica na UTFPR, mas quando passei no vestibular para luteria não hesitei em trocar o curso, afirma Hellmann.

Embora ainda seja desconhecida no Brasil, a luteria é uma arte antiga, muito antiga. A atividade existe desde o século XVI, quando eram construídos alaúdes para os grandes instrumentistas da época. Uma pintura do inglês Edgar Bundy de 1893 é, talvez, um dos retratos mais antigos e charmosos do ofício. A obra retrata o famoso construtor de violinos Antonio Stradivari, provavelmente o mais famoso e importante luthier da história, sentado em sua oficina. Os violinos produzidos pelo artesão valem milhões de dólares e há tempos músicos e cientistas tentam explicar porque o som dos Stradivarius é tão extraordinário.

No Brasil, a regulamentação da profissão no Ministério do Trabalho aconteceu apenas recentemente, na Classificação Brasileira de Ocupações de 2002 (CBO 2002). A atividade é basicamente divididade em duas: a reforma e manutenção de instrumentos e a fabricação artesanal.

Além disso, são poucos os cursos que ensinam o ofício, com destaque para um curso técnico oferecido pelo Conservatório de Tatuí, em São Paulo, e o Curso Superior de Tecnologia em Luteria da UFPR, em Curitiba, que oferece anualmente 30 vagas por turma por meio do vestibular e é o único curso superior na área que existe no Brasil.

Para quem se interessou pela profissão, os luthiers dão uma dica principal: estudar, estudar e estudar. "Fazer um curso é o básico para começar. Fazer instrumento profissional bom não é fácil, tem que estudar mesmo, tem que treinar, ter foco e paciência, que é uma coisa muito manual. É que nem cirurgião, não pode entrar com mão boba para operar", afirma o curitibano Tom Castelli, um dos luthiers mais conceituado do Brasil.