Chegou a hora da geração Y, aquela que irá decidir os rumos da humanidade em poucos anos, entrar no mercado de trabalho e começar a escrever a sua história de protagonismo. A ambição é grande: para os nascidos a partir de 1980, o céu é o limite. A grande expectativa, porém, pode ter entraves que, aliado a outra dificuldade, pode ser fatal: os jovens não sabem ouvir um não.
Paul Harvey, professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, tem uma teoria sobre isso, o não entender uma negativa. Em uma pesquisa sobre a geração Y, Harvey chegou  conclusão de que os jovens tem expectativas fora da realidade, uma visão inflada sobre si mesmo e uma grande resistência em aceitar críticas negativas. A psicóloga, empresária e diretoria executiva de Recursos Humanos Gisele Meter concorda com o professor.
Os profissionais são contratados pela competência, por terem doutorado, mestrado. Mas no centro de tudo isso está o comportamento, a forma como eles se comportam no próprio emprego, em uma entrevista. Não basta ter técnica, é essencial o comportamento, afirma Gisele. A pessoa entra na empresa e já quer ser presidente. Por isso a geração Y é infeliz, por causa da velocidade da expectativa. H um abalo psicológico. Além disso, as pessoas não aceitam um ‘não’, mas também não sabem dizer ‘ não’ e se acham multitarefas, acham que podem fazer mil coisas ao mesmo tempo, quando na verdade não podem, completa.
É injusto, porém, colocar toda a culpa nas costas dos jovens. É o que acredita a presidente da  Associação Brasileira de Recursos Humanos  Seccional do Paran (ABRH-PR), Daviane Chemim. Para ela, os profissionais da geração Y, de fato, não sabem ouvir um não. Contudo, as empresas também não sabem como trabalhar com os jovens, gerando uma espécie de conflito de gerações.

Percebe-se que os jovens que estão ingressando no mundo de trabalho tem uma expectativa muito grande, mas também se nota que há um despreparo das lideranças em lidar com as diversidades que ele tem na própria equipe. Os jovens de hoje, de fato, não conseguem ouvir um ‘não’, essa geração não está acostumada a ouvir bronca e se você dá bronca eles se sentem no direito de até mesmo abrirem mão do trabalho, afirma. A bronca funcionava naqueles modelos de trabalho antigo, com comando e controle. Hoje, essa autoridade não existe mais nem na família. É preciso algo mais fluído, flexível, e menos de controle, burocrático e autocrático. As organizações precisam trabalhar em rede, se não irão encontrar dificuldades, aponta.
Para Daviane, as empresas devem conquistar o trabalhador não dando bronca, mas oferecendo desafios. A dinâmica humana está mudando e isso se reflete na organização. Apesar de ser um choque, isso é bom e as organizações também precisam repensar o seu modelo, afirma, ressaltando que isso não significa que a empresa deve admitir o desrespeito do jovem, mas que o tom de conversa deve existir sempre.

Dieese

Estatística
Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o trabalhador brasileiro é um dos que mais troca de emprego. A taxa de rotatividade aumentou em 10 pontos percentuais entre 2002 e 2012, passando de 53,9% para 64%. Em média, o brasileiro troca de trabalho a cada cinco anos, com o ritmo dinâmico incluindo desde mudanças de função e de empregador até mudanças de carreira

Por outro lado, os brasileiros, mais do que nunca, investem em educação. Um quarto da população já frequentou ou frequenta algum curso de educação profissional. Além disso, 44% dos brasileiros entre 16 e 24 anos estudam atualmente, sendo que a maioria está no ensino superior (18%). Os dados são do Ibope

A melhoria da formação dos profissionais contrasta com as dificuldades na hora de encontrar o primeiro emprego — segundo o IBGE, entre 2002 e 2010 houve uma queda de 27% na proporção de jovens de 15 a 17 anos ocupados ou buscando emprego — e na instabilidade empregatícia