Juiz configura prática do HC como assédio moral e concede liminar a trabalhadora da Ebserh
Após ser transferida para a Maternidade Victor Ferreira do Amaral, depois de denunciar o assédio moral sofrido dentro do Hospital de Clínicas, uma trabalhadora da Ebserh garantiu na segunda-feira, 15, o direito de retornar ao seu posto de trabalho original.
A segurança vem de uma liminar concedida pelo juiz Carlos Martins Kaminski, da 20ª Vara da Justiça do Trabalho de Curitiba.
Aprovada em concurso público para a função de técnica em enfermagem do Centro Cirúrgico do HC, a funcionária foi transferida depois de questionar algumas práticas do hospital e participar, no dia 25 de janeiro, de uma reunião entre os trabalhadores de enfermagem ligados à Ebserh e a diretoria do setor. Na ocasião, foram apresentadas diversas reivindicações do quadro funcional.
Na liminar, o juiz Kaminski afirma que a remoção do posto para o qual a trabalhadora foi aprovada em concurso público configura tentativa de assédio moral. Nesse sentido, vislumbram-se presentes os pressupostos legais para a antecipação de tutela, porquanto demonstrada, de forma suficiente, a adoção de medidas pela ré que podem configurar assédio moral, diz o texto.
A audiência inicial está marcada para o dia 17 de março. Até lá, a direção do hospital está sujeita a multa diária de R$ 500 caso descumpra a liminar.
A trabalhadora tentou retornar já na manhã desta quarta-feira, 17, ao Centro Cirúrgico do HC, mas foi impedida de exercer suas funções pela chefia imediata, que alega ainda não ter sido notificada oficialmente da decisão do juiz.
Eles humilham todo mundo. É horrível. Tiram sarro da gente todo dia. Somos maltratados demais. Estou até doente. Tive uma crise de ansiedade e estou tratando uma úlcera por causa disso, reclama ela.
Apesar do quadro, a trabalhadora diz esperar que a decisão parcial da Justiça do Trabalho tenha algum impacto no comportamento das chefias. Eu queria que tudo isso acabasse, mas sei que não vai acabar. Então, que pelo menos diminua esse assédio. Não só com os trabalhadores da Ebserh, porque isso acontece com todo mundo.
O coordenador-geral do Sinditest-PR José Carlos de Assis, que acompanhou o caso de perto, acredita que a emissão da liminar abre um precedente. Isso mostra aos trabalhadores da Ebserh que eles não têm que ser submissos, que eles têm direitos como todos os outros, afirma.
José Carlos ainda garante que o Sinditest-PR vai apoiar todas as reivindicações por direitos propostas pelos recém-chegados ao HC. A nossa postura, contrária à Ebserh, é por conta disso que acaba de acontecer. Esse é o primeiro grande exemplo de como funciona a Ebserh, avalia ele. Nós somos contra esse modelo, não contra os trabalhadores.
Mais informações:
José Carlos de Assis: (41) 9803-0809
Sandoval Matheus: (41) 9998-7805