Nas últimas semanas, a situação dos haitianos que tentam a vida no Brasil virou tema de manchetes, muito por causa dos riscos a que estão expostos no Acre, as denúncias de trabalho escravo e despejos em São Paulo. Mas em Curitiba e região, a situação tem sido diferente. Em vez de virar as costas para aqueles que tanto sofreram em 2010, quando um terremoto devastou o Haiti, deixando pelo menos 250 mil mortos e 1 milhão de desabrigados, os paranaenses resolveram estender as mãos. A Fundação de Asseio e Conservação e o Centro de Referência em Direitos Humanos de Pinhais (CRDH), por exemplo, oferecem cursos de capacitação para os haitianos. É o famoso unir o útil ao agradável.
Temos uma carência muito grande de mão de obra, algo em torno de três mil vagas. E como tem a necessidade e a oportunidade apareceu, iniciamos o trabalho com as pastorais do migrante, que estão dando todo o suporte para a adaptação destes haitianos, afirma Adonai Arruda, presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação no Estado do Paran (SEAC).
No CRDH, os haitianos não só encontram ajuda para encontrar emprego, mas também para aprender o português. Tudo para ajudar os imigrantes a realizar um sonho. Eles vem com um objetivo: querem reconstruir o país deles. E chegam com muita garra, querem trabalhar, mas também aprender. Para eles, o Brasil é como um sonho, relata Gisele Cassano, coordenadora institucional do CRDH.
A rede Kharina é uma das empresas que mais dá oportunidades aos haitianos. Hoje, são 15 imigrantes trabalhando na rede de restaurantes, que aposta nessa mãe de obra por conta do comprometimento e da vontade em aprender, segundo aponta Rachid Cury Neto, diretor executivo da empresa.
Os haitianos não estão aqui para brincadeira, querem trabalhar. Eles são muito comprometidos, o que é difícil de encontrar no Brasil. Além disso, a maioria procura estudar, procura estar informado, o que é uma difereça grande em relação ao trabalhador brasileiro, explica Rachid.