Em tempos de manifestações nas ruas do Brasil, pedindo mais ética, mas respeito nas instituições públicas do País, uma pesquisa coloca em xeque a ética dos trabalhadores brasileiros. O levantamento mostra que 18% dos profissionais brasileiros furtariam valores consideráveis da organização em que trabalham dependendo das circunstâncias.  Outros 38% dos profissionais aceitariam suborno. Os dado fazem parte da pesquisa Perfil Ético dos Profissionais das Corporações Brasileiras, produzida pela ICTS – uma empresa de consultoria e serviços em gestão de riscos.Entre os que furtariam dinheiro da companhia, a maioria era homem, não graduado, que atuava em funções operacionais. Os pesquisadores ouviram 3.211 pessoas em 45 empresas brasileiras.
Outro dado do levantamento mostra que 40%receberiam presentes para beneficiar um fornecedor dependendo das circunstâncias. Isso é preocupante, porque mostra que as pessoas têm uma visão mais flexível do suborno, afirma Renato Santos, executivo da ICTS e responsável técnico pela pesquisa. Segundo a pesquisa, 56% somente denunciariam atos antiéticos cometidos por colegas de trabalho se fossem incentivados. Mulheres e profissionais operacionais são os que tendem a hesitar mais na hora de denunciar um ato antiético.

Outro item mostra que um terço dos profissionais utilizaria informações confidenciais da organização para proveito próprio ou de terceiros. Nesse item, o pesquisador destaca: os mais flexíveis na utilização indevida de dados da companhia são os gestores. Geralmente, as empresas estão bem atentas quanto à capacidade técnica e intelectual do empregado, mas não analisam o aspecto ético, afirma o executivo.
Maria Clara Montanari, 52 anos, dona de uma panificadora, não se esquece do dia em que percebeu que sofria rombo no caixa da empresa justamente da funcionária em que mais confiava. Ela era a única que lidava com dinheiro, não havia como culpar ninguém. Mas foi duro admitir que meu faro para pessoas corretas estava furado,  conta ela. Desde então, Maria contratou os serviços de uma empresa de recursos humanos para contratar funcionários.

Os números

18% dos profissionais brasileiros furtariam valores consideráveis da organização em que trabalham
 38% dos profissionais  entrevistadosaceitariam suborno
 40% receberiam presentes para beneficiar um fornecedor dependendo das circunstâncias
56% somente denunciariam atos antiéticos cometidos por colegas de trabalho se fossem incentivado
33% dos entrevistados usariam informações confidenciais para proveito próprio ou de terceiros.
80% teria dificuldade para aderir a perfil ético
50% adotaria medidas antiéticas para atingir objetivos