Em meio a um cenário de desemprego e recessão, Pontal do Paraná, no Litoral do Estado, consegue driblar a crise econômica e aumentar o ritmo de geração de emprego. O município fechou 2015 como campeão de saldo de vagas no Paraná e como o segundo colocado no País. Com um resultado positivo – entre admitidos e demitidos – de 2.274 vagas, ficou atrás apenas de Canaã dos Carajás, no Pará, com 2.801 vagas.

Os dados, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram, ainda, que o município registrou um aumento de 288% (1.689) no saldo de vagas em relação a 2014. O ritmo forte continua nesse ano, com um resultado positivo de 165 vagas em janeiro.

NOVOS INVESTIMENTOS – O movimento foi puxado, principalmente, por novos investimentos atraídos para a cidade. A italiana Techint está aplicando US$ 300 milhões na construção de módulos para exploração de petróleo em alto mar.

Além disso, a construção de dois novos terminais portuários deve manter o ritmo forte de abertura de vagas nos próximos meses. Somente o Porto de Pontal, que será construído pelo Grupo JCR, vai absorver investimentos de R$ 1,5 bilhão e deverá gerar mais de mil empregos na construção do seu terminal, que começa em meados do ano.

REGIÃO É DESTAQUE – De acordo com Suelen Glinski Rodrigues dos Santos, economista do Observatório do Trabalho da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, o aumento das vagas ajudou a desenvolver também outros municípios do Litoral. A região foi o grande destaque de 2015 e respondeu por 75%, (3.621 vagas) do saldo positivo gerado no Paraná em 2015. Matinhos, por exemplo, gerou muitas vagas no setor de serviços e fechou o ano com saldo de 1.824 vagas, afirmou Suelen.

PRÓPRIO MUNICÍPIO – Desde o início do atual projeto, em maio de 2013, a Techint contratou 3,77 mil pessoas em Pontal do Paraná, de acordo com Fábio Aquino, gerente de Recursos Humanos. Pelo menos 70% desse grupo é formado por pessoas do próprio município.

É o caso do ex-marinheiro Marcelo Neves Mendes, que começou a trabalhar na Techint há um ano e seis meses. Depois trabalhar como ajudante, ele foi promovido a mestre de movimentação de cargas. Eu era marinheiro e na cidade de Pontal não são muitas oportunidades que surgem. Você acaba seguindo para o comércio, pesca ou alguma atividade informal, como pedreiro, pintor e serviços gerais. Agora, além do salário, benefícios que a empresa me proporciona, sei que aqui muitas portas se abriram para eu seguir novos caminhos, diz ele.

Em parceria com a empresa francesa Technip, a Techint está desenvolvendo o projeto da plataforma P-76, que prevê a construção de módulos e integrações para um navio FPSO – tipo de plataforma flutuante capaz de extrair, processar e armazenar petróleo da Petrobras. A plataforma deve entrar em alto mar em meados de 2017.

O projeto representa a retomada das operações da empresa, depois do cancelamento do contrato com a OSX do empresário Eike Batista, em 2013. A intenção é que, quando o atual projeto chegue ao fim, outros surjam para manter ativa a operação da Techint no Paraná, diz Aquino. De acordo com ele, a empresa investiu R$ 100 milhões na construção de um novo cais, concluída em 2015, que abre boas perspectivas para novos negócios.

Pontal do Paraná não tem muitas oportunidades especialmente nessa área de montagem industrial e de indústria naval e a Techint traz boas oportunidades para emprego, diz o operador de guindaste Josué Carrara, que nasceu em Maringá e há 16 anos mora em Pontal do Paraná. Depois de ser demitido em novembro de 2013 com o cancelamento da encomenda da OSX, ele foi recontratado em abril de 2014 pela Techint para a construção do novo cais e agora trabalha no novo projeto de plataforma. A Techint investiu em uma estrutura grande e cara em Pontal, que terá desdobramento em novos contratos e mais empregos, diz.