Uma das provas de que é possível viver da luteria é o curitibano Tom Castelli, um dos mais conceituados luthiers do Brasil. Quando adolescente, Castelli iniciou um caso de amor com o rock e a guitarra — ganhou a primeira quando tinha 15 anos. Contudo, nunca conseguiu se satisfazer com o desempenho sonoro do instrumento. Em pouco tempo, descobriria que seu negócio não era fazer música, mas sim fazer instrumentos musicais. Eu sempre vivi da luteria, já estou há 26 anos fazendo instrumento. Eu não toco, mas também conheço muita gente que faz a luteria de dia e toca de noite. No Brasil é difícil viver da luteria, mas ainda assim há espaço para o luthier. Grande parte dos instrumentos por aí vem da China, da Coreia. São muito fracos. As vezes o cara compra o instrumento em série e já traz para gente arrumar, também tem de fazer manutenção, melhorar ou customizar o instrumento. Se a porta fecha de um lado (com a queda na venda de instrumentos feitos por luthiers), ela abre do outro, afirma. Andreas Hellmann corrobora com a afirmação de Castelli e aponta ainda que a popularização de instrumentos musicais, mesmo aqueles produzidos em série, é vantajoso para os luthiers. A maior parte dos serviços de um luthier são de manutenção (regulagem, restauração, reforma, personalização) de instrumentos. Todo instrumento de fábrica pode ser melhorado com uma regulagem simples de um luthier, diz. 