Transição de carreira exige mergulho interno

Depois do fracasso, profissional deu volta por cima após treinamento de autoconhecimento

Bem Paraná

Há cerca de 10 anos, ou até menos, um profissional bem sucedido era aquele que tinha um emprego com carteira assinada, que dedicava boa parte de sua rotina a sua profissão e não tinha tempo para outras coisas que não fossem trabalho. Resumidamente um workaholic.

Porém, hoje, existe uma busca por atividades que proporcionem equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Além disso, muitas pessoas estão entendendo que trabalhar pode ter um propósito muito maior do que apenas cumprir um expediente. Mas para isso, é que o profissional se conheça e busque atuar em um ambiente multiplo que favoreça a troca de experiências.

Sérgio Moriya, sócio do Four Coworking, é um exemplo desse novo profissional. Ele, que passou por uma transição radical de carreira, se formou em Farmácia e Bioquímica, atuou na área por anos, mas teve que abrir mão de seu negócio por questões financeiras.

Então, foi trabalhar na empresa de sua família, mas apesar de estar estabilizado financeiramente, não se sentia pleno. Fiquei lá do final de 2007 até o final de 2014. Nesse tempo tive queda de cabelo por stress, me alimentava muito mal, dormia pouco e vivia mal-humorado, conta.

Foi depois de uma séria crise no casamento que Sérgio decidiu que precisava mudar. Saí da empresa para evitar brigas familiares, totalmente stressado e despersonificado, conta. O empresário relata ainda que além da frustração profissional, estava passando por problemas pessoais, com o casamento chegando ao fim. Fiquei sem chão. Foi aí que resolvi pedir ajuda a um amigo de infância, que foi meu mentor. Fiz um treinamento de autoconhecimento, diz.

Esse processo foi decisivo para a retomada da carreira e descoberta de um novo horizonte para o profissional. O conhecer-me um pouco mais, da pele para dentro, mudou minha vida e das pessoas ao meu redor, conta o empreendedor que retomou seu casamento e encontrou-se como alguém que tinha uma missão no mundo: ajudar as pessoas a também se descobrirem.


Apoio familiar é fundamental

Foi a esposa de Sérgio Moriya, Alessandra Belles, hoje sua sócia, que ajudou a dar início a esse projeto. Como consultora de imagem precisava de um lugar para receber minhas clientes com aconchego. Nenhum espaço que busquei me proporcionava o que queria, conta Alessandra que com o marido idealizou um local que potencializasse conexões e possibilitasse a transformação de pessoas. Imaginamos um lugar totalmente diferente, um ambiente de trabalho em que a primeira necessidade fosse a qualidade de vida e que os resultados fossem além dos profissionais, explica.

Sérgio queria que toda a experiência vivida por ele servisse de incentivo para as pessoas que se sentem obrigadas a continuarem em uma carreira que não as fazem feliz. A maior parte das pessoas está buscando sucesso profissional, pois acredita que assim serão felizes. Eu acredito cegamente que é o autoconhecimento e desenvolvimento pessoal que irão levar o indivíduo à felicidade e consequentemente ao sucesso. Por isso, criamos um coworking com quatro pilares que consideramos os responsáveis pelo crescimento das pessoas e empresas: Conexões, Produtividade, Experiências e Desenvolvimento, explica Sérgio, que comenta como esses pontos impactam nos profissionais que trabalham no ambiente. Tudo isso faz com que conexões cerebrais sejam formadas, levando a novas experiências, por meio das novas habilidades, causando um aumento na produção de serotonina dos coworkers. Assim a produtividade aumente exponencialmente, conta.

No Four Coworking há diversos exemplos de profissionais que com coragem, e por meio dessas conexões, mudaram de carreira em busca da felicidade. Sérgio aconselha que sempre quebre-se padrões a fim de buscar a plenitude. Todos nós temos uma missão, mas infelizmente nem todas as pessoas percebem isso durante a vida. Fomos moldados para não enxergar isso. Eu era assim. Sou de uma geração que foi educada para estudar, fazer uma faculdade, ter um emprego para poder pagar as contas e ‘ser feliz’. Esse foi o programa instalado em nossos ‘HDs’, mas o mundo para o qual fomos programados ficou para trás. Não existe mais. As regras do jogo mudaram, finaliza.