Por força do Art. 326 do Código de Trânsito Brasileiro todos os anos é
comemorada a Semana Nacional de Trânsito, no período de 18 a 25 de
setembro. Coincidentemente nesse período também é comemorada a sanção
do atual Código de Trânsito que se deu em 23 de setembro de 1997, que
são 10 anos nesse ano.  Todos os anos o tema é definido pelo DENATRAN –
Departamento Nacional de Trânsito, e o tema desse ano é ‘O Jovem e o
Trânsito’.

Num evento que participamos nessa semana um dos expositores fez uma
afirmativa bastante profunda e correta: ‘O trânsito está matando muito;
pessoas que nunca tinham morrido estão morrendo no trânsito…’. A
irônica frase é  lógica em parte. E não é quanto ao trânsito, pois
dentre as várias causas que poderiam culminar na perda da vida o
trânsito está sendo um dos fatores que está sendo capaz de quebrar o
caminho natural das coisas, que são os mais jovens perderem os mais
velhos, os filhos enterrarem seus ascendentes e não o contrário. 
Infelizmente o trânsito tem sido uma causa determinante na quebra dessa
ordem natural. Essa quebra está ocorrendo no período que envolve a fase
de formação e ascensão profissional da pessoa, fase produtiva, entre os
16 e 29 anos, o que acarreta um vultuoso custo familiar e social.
Muito se fala do caos aéreo, algo temido por todos em face de tragédias
recentes.  Quando se pergunta o que é possível para colaborar para o
fim do caos aéreo a resposta é muito pouco, para não dizer NADA, pelo
menos que você não faz parte das autoridades e empresas envolvidas
diretamente no transporte aéreo.  No trânsito a imensa vantagem é que
cada um, desde o pedestre ainda criança até o adulto idoso, bem como na
condição de ciclista, motorista e até passageiro é possível fazer
alguma coisa.  Mudar comportamentos, influenciar aqueles que estão
próximos. Seria impensável você adentrar a cabine dos pilotos de um
avião e pedir que vão um pouco mais devagar já que 800Km/h é rápido
demais, bem como ir um pouco mais baixo.  No trânsito há a oportunidade
de influenciar o motorista em suas ações, até porque diferentemente do
transporte aéreo em que poucas pessoas conhecem os procedimentos para
avaliar se está havendo barbeiragem, no trânsito mesmo quem não sabe
dirigir sabe quando o motorista está agindo com imprudência.  De nada
adianta culpar as ações divinas para as tragédias, vez que o maior dom
concedido é o das escolhas, do livre arbítrio.

Marcelo José Araújo – Advogado e
Consultor de Trânsito. Professor de Direito de Trânsito das Faculdades
Integradas Curitiba – [email protected]