Algumas situações que ocorrem no trânsito merecem ser compartilhadas , até porque muitas delas já podem ter ocorrido com o leitor. São relatos verídicos ocorridos com este que subscreve, que se deram durante fiscalização de trânsito.
O primeiro ocorreu nessa temporada, em Balneário Camboriú/SC, no final da Av. Atlântica (início do Morro da Rainha) onde a PMSC tem um posto de fiscalização. Poderíamos o episódio como ‘Conversando por Siglas’. O policial nos solicita a parada, e na abordagem faz o seguinte pedido:’ – Por favor, a C.N.H. e o C.R.L.V.’ Respondo prontamente que estou com a C.N.H. e com o C.L.A. Ele fica um pouco desconcertado e pergunta se não estou com o C.R.L.V. Retruco (educadamente) que não disse isso, disse apenas que apresentaria a C.N.H. e o C.L.A., e disse para ele perguntar a seu superior se isso não seria suficiente. Ele ameaçou de ir ao superior, desistiu no meio do caminho, não resistiu e perguntou: O que é C.L.A. Respondi a ele que C.L.A (Certificado de Licenciamento Anual) é o mesmo que C.R.L.V. (Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo), pois como os Arts. 131 e 133 do Código de Trânsito fazem referência ao Certificado de Licenciamento Anual, o qual já era impresso como CRLV, foi necessária a edição de uma Resolução (61/98) do CONTRAN apenas para dizer que o C.L.A. é o mesmo que C.R.L.V. Sugeri ainda que nas abordagem seria mais simples pedir às pessoas que apresentassem sua carteira de motorista e o licenciamento do veículo, pois provado estava que até mesmo agentes como ele podem ficar confusos na linguagem das siglas. Vale lembrar que D.U.T. (Documento Único de Transferência) deixou de existir faz tempo, apesar de todo mercado de revendas, seguros, etc. o mencionarem, pois o que existe é o C.R.V. (Certificado de Registro do Veículo), que é o recibo de transferência. Outro episódio se deu numa sexta-feira, véspera de um final de semana que prometia ser ensolarado, na BR-277, sentido Curitiba- Paranaguá, em direção ao litoral paranaense, no posto da Polícia Rodoviária Federal próximo à praça de pedágio. Já próximo à meia-noite é feita a abordagem, e gentilmente o PRF solicita os documentos do veículo e do condutor. Verificando sua regularidade e já os devolvendo faz a seguinte indagação: ‘Qual é o motivo da viagem e para onde estava indo?’. Na hora olhei para minha namorada que me acompanhava (e que já sabia pela minha expressão que a coisa não ia prestar), e pensei numa centena de respostas que poderiam ser dadas, e que iam desde que estaria vindo de Foz do Iguaçu com produtos importados do Paraguai para vender em Matinhos, até a que precisava descer com urgência para fazer um descarrego com água do mar, mas resolvi manter a dignidade e respondi em parte e fiz outra pergunta: ‘Bem, indo estou indo pra lá, e quanto ao motivo da viagem gostaria de saber qual é a resposta certa para essa pergunta, já que ela requer um certo grau de intimidade.’ Ele ficou desconcertado percebendo a impropriedade da indagação, e rindo um pouco da situação disse que seguia na esperança de encontrar o que a meteorologia havia previsto: Sol no litoral do Paraná!

Marcelo José Araújo – Advogado e Consultor de Trânsito – Professor de Direito de Trânsito da UNICURITIBA – [email protected]