Moscou, 10 (AE-AP) – Centenas de pessoas, incluindo jornalistas e diplomatas ocidentais passaram pelos funerais da jornalista Anna Politkovskaya, crítica do Kremlin, cujo assassinato comoveu a comunidade internacional.

Nenhum funcionário graduado do governo apareceu no funeral da premiada jornalista, que fez seu nome ao denunciar os seqüestros e as torturas ocorridos na Chechênia.

“As autoridades são covardes. Por que elas não vieram? Elas estão com medo até da Politkovskaya morta?”, questionava Boris Nemtsov, proeminente reformista durante os anos 1990, que serviu como vice-primeiro-ministro durante o governo de Boris Yeltsin.

Anna Politkovskaya tinha 48 anos, e foi assassinada no prédio onde morava no último sábado. Logo depois da divulgação do assassinato, surgiram suspeitas de que o crime teria sido motivado pelas denúncias levantadas pela jornalista.

O assassinato colocou novamente em destaque os riscos enfrentados por jornalistas que criticam as autoridades russas e que investigam e expõem abusos do governo.

Dentro e fora da Rússia, o assassinato levantou preocupações em relação à situação da liberdade de imprensa no país desde que o presidente Vladimir Putin assumiu o poder, há quase sete anos.

Putin disse que as autoridades russas irão investigar a fundo e punir os culpados. Promotores dizem que ela foi assassinada por seus trabalhos como jornalista, mas ainda não há nenhuma ligação estabelecida.

Em visita a Dresden, na Alemanha, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, denunciou o assassinato de Politkovskaya como um crime “repulsivo e cruel” que não pode passar impune, “qualquer que tenha sido a motivação e independentemente de quem o tenha cometido”.