Estreia hoje nos cinemas Para Sempre Alice, vencedor do Oscar de melhor atriz pela atuação de Julianne Moore interpretando uma paciente de Alzheimer, doença que acomete mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo. O lançamento no Brasil é apoiado pela Associação Brasileira de Alzheimer, por meio de patrocínio da Novartis, e mostra de forma sensível e fiel, o impacto do diagnóstico, os estágios da doença, além das dificuldades de enfrentamento da família diante da nova situação.

O filme tem um papel social extremamente importante de conscientização e alerta sobre os sinais da doença que não devem ser subestimados. Ainda há muitos mitos em torno do Alzheimer, mas a medicina já demonstrou que quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhor pode ser a qualidade de vida do paciente e mais vagarosa é a evolução da doença, explica Dr. Rodrigo Rizek Schultz, neurologista e Diretor Científico da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, perder a memória e ficar confuso não faz parte do envelhecimento. Há 10 sinais importantes que devem ser observados: perda de memória, dificuldade de execução de tarefas conhecidas, problemas com a linguagem, desorientação no tempo e no espaço, perda de crítica, problemas com pensamento abstrato, perda de objetos, mudança no humor e no comportamento, mudanças na personalidade e perda de iniciativa. Qualquer um desses sintomas merece ser investigado por médicos. A Doença de Alzheimer ainda não tem cura e se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Quase todas as pessoas diagnosticadas são idosas, mas podem ocorrer casos precoces, como no filme, que trata de um tipo raro da doença que acomete a personagem aos 50 anos.

Adaptado do romance de Lisa Genova Para Sempre Alice (Ediouro), o longa-metragem homônimo conta a história da renomada linguista Alice Howland (Julianne Moore) casada com marido dedicado (Alec Baldwin) e mãe de três filhos: Lydia (Kristen Stewart), Anna (Kate Bosworth) e Tom (Hunter Parrish), mas aos 50 anos começa a esquecer palavras e logo descobre sofrer da Doença de Alzheimer. Ela decide lutar contra todas as probabilidades para manter sua vida, seus relacionamentos e a noção de si mesma. O círculo familiar de Alice não poderia ser mais afetivo, incluindo seu marido e médico John (Alec Baldwin) e seus filhos Anna (Kate Bosworth), Tom (Hunter Parish) e Lydia (Kristen Stewart). Ela mesma é uma profissional bem-sucedida e realizada, o que apenas torna a progressãode sua doença mais sentida. É uma lenta perda de si mesma a que começa a se apresentar no dia a dia de Alice. A princípio, são coisas aparentemente simples, como perder seu caminho num dia em que sai para caminhar. Ou ter um branco total quando se preparava para dar uma aula já ministrada várias vezes antes.

Os detalhes mais comoventes estão nas suas desesperadas tentativas de não perder completamente o rumo de suas tarefas cotidianas, criando lembretes para si mesma das coisas mais banais. Mas há desespero por trás de cada esforço, que a história, felizmente, não tenta aliviar. Kristen Stewart se esforça para deixar para trás os vestígios do sucesso adolescente Crepúsculo, tornando-se aqui a protetora da mãe em franco processo de aniquilamento, de deixar de ser quem um dia foi. O melhor do filme é manter a emoção sob medida. Não há excessos melodramáticos.

Durante a preparação, Julianne contou com suporte da Associação Nacional de Alzheimer nos Estados Unidos, que a colocou em contato com vários pacientes, e da especialista na doença, Mary Sano, professora de psiquiatria e diretora do Centro de Pesquisas de Alzheimer na Escola de Medicina Mount Sinai, de Nova York. Lá a atriz teve contato com neuropsiquiatras que, inclusive, aplicaram os testes cognitivos que são demonstrados no filme. Ela também visitou grupos de apoio a mulheres com a doença. Para mim o mais importante foi ter recebido muitos retornos das pessoas dessa comunidade dizendo que eles se sentiram vistos, compreendidos e reconhecidos. Isso foi muito importante porque há muita vergonha em relação aos pacientes de Alzheimer e a maioria deles sente que não está sendo compreendida, analisa a atriz.

DIRETOR DE FILME MORRE ÀS VÉSPERAS DA ESTREIA NO BRASIL
Morreu na terça-feira, em Los Angeles, o americano Richard Glatzer, um dos dois diretores de Para Sempre Alice, filme que valeu o Oscar de melhor atriz a Julianne Moore. Glatzer, 63, morreu de complicações decorrentes de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada há quatro anos. Sua luta contra a doença inspirou a criação da personagem de Moore, que no filme sobre do mal de Alzheimer. “Ele estava no set todos os dias, apesar das incríveis dificuldades físicas que tinha”, escreveu em comunicado à imprensa seu marido, Wash Westmoreland, o outro diretor de Para Sempre Alice. Casados desde 1995, os dois dirigiram juntos outros dois filmes: The Fluffer (2001) e Meus 15 Anos (2006), vencedor em Sundance. Glatzer deixa uma filha.