Cada mudança tecnológica apresenta novas palavras, abreviaturas e siglas. Termos que são criados para produtos e ideias que não existiam são importados junto das novidades e entram no vocabulário de quem lida diretamente com a área. Aos poucos, essas novas palavras são incorporadas ao português e vão se popularizando até passarem a fazer parte dos diálogos de quem não tem vínculo direto com os assuntos da tecnologia.
O léxico, explica Maria Cristina Altman, coordenadora do Centro de Documentação em Historiografia Linguística da Universidade de São Paulo (USP), é a parte da língua que primeiro e mais visivelmente acompanha as mudanças do mundo.
Se, agora, é do inglês a origem da maior parte das novas palavras, esse privilégio já foi do italiano no século 15, do tupi no século 16 (graças aos nomes de muitas plantas e animais) e das línguas europeias no século 19 — principalmente do francês, responsável direto por aproximadamente 60% do nosso atual vocabulário, de acordo com Mario Eduardo Viaro, coordenador do grupo de pesquisa Morfologia Histórica do Português na USP.
Quem já frequentou um restaurante ou comprou um abajur há de concordar com isso. O trânsito de palavras entre línguas é um processo constante, natural e inevitável. Na opinião de Viaro, esse fluxo não é uma ameaça ao português. As palavras não têm dono. O acúmulo de estrangeirismos se deve ao maior contato que temos hoje entre os povos.

Mas o que determina a forma como uma palavra será incorporada ao vocabulário? Usaremos o termo tal como veio do inglês — como em cheddar e brownie? Vamos aportuguesá-lo — como caubói e bangue-bangue? Ou o substituiremos por um equivalente em português —chuveiro, tradução livre de shower? Não dá para saber, diz Maria Cristina. É o uso cotidiano da língua que vai determinar.
A linguista explica que a utilização de determinada palavra em propagandas, espetáculos de entretenimento ou por grandes personalidades da mídia e da academia podem contribuir e muito para o sucesso do termo, mas isso não é uma garantia.
Pronúncia — A única regra obrigatória é a adaptação da pronúncia. A primeira coisa que fazemos com uma palavra recém chegada é colocá-la dentro do nosso sistema fonético. Ou você já ouviu alguém falar hambúrguer começando com som de r e torcendo a língua no final, como manda o inglês? Se ouviu, com certeza achou estranho.

Uma vez adaptada e integrada ao português, toda palavra estrangeira passa a funcionar como qualquer outra da nossa língua. Aí a vida é livre, diz Maria Cristina. Podemos fazer com ela o que quisermos: colocar sufixos, criar um aumentativo, diminutivo, transformar em adjetivo. Surf chegou como sârf e hoje já é surfe mesmo. Daí, criamos o surfar, o surfista e a surfistinha. O delete já virou deletar e daí para o deletador aparecer é só alguém sair deletando por aí — fazendo a palavra se tornar necessária. Algumas palavras se cristalizam de tal forma que perdem totalmente o vínculo com sua motivação original Disk-pizza é um ótimo exemplo: ninguém mais disca nada para acionar o delivery.

Glossário tecnológico
Cache — quando você usa muitas vezes um programa ou entra no mesmo site, o computador deixa gravado nesta memória partes das tarefas para executá-las mais rapidamente
CPU — Central Processing Unit: é o processador central do computador
Creative Commons — nome do conjunto de licença criado pelo advogado Lawrence Lessig, que permite que o autor de uma obra decida como funcionarão os direitos autorais sobre a mesma, tornando-os mais flexíveis
Digg — rede social de compartilhamento de notícias e links, que indexa quantas recomendações (diggs) cada item teve
DNS — Domain Name Server. Se o IP é o endereço do computador, o DNS é o nome próprio do servidor
DRM — controle digital de direitos autorais: funciona como uma trava que impede a cópia de arquivos
Embedar — quando você vê um vídeo do YouTube em outro site que não o YouTube, ele foi embedado (ou incorporado)
Extensão — também chamados plugins, são programinhas que fazem pequenas tarefas dentro de outros softwares, como navegadores de internet
Facebook — a maior rede social do mundo pode ser, nos próximos anos, tão importante quanto o Google foi nos anteriores. Seu criador, Mark Zuckerberg, é o novo Bill Gates
Flash — linguagem de programação que serve para rodar vídeos e animações na internet
Geolocalização — identificação de posição geográfica do usuário através de GPS ou triangulação de sinal do celular
Geotag — é uma etiqueta digital que localiza onde uma foto foi tirada, por exemplo
Gif animado — o princípio básico da animação (imagens em sequência) compactado em uma única imagem. Funciona quase como um minivídeo
Google — nosso querido Big Brother. Reinventou a web há dez anos, espalhou-se por todas as áreas do mundo digital e até virou verbo
GPS — sistema de posicionamento global. Localiza o usuário por meio de coordenadas geográficas
HD — você grava os seus arquivos no HD, sigla para disco rígido em inglês. Alguns podem ser vídeos em HD, sigla em inglês para alta definição
HDMI — é a porta para entrada e saída de som e imagem em alta qualidade, comum em aparelhos mais novos
Hoax — é o bom e velho boato. Na web, eles ganham vida própria
HTML — a linguagem de programação que inaugurou a web ainda está presente na maioria dos sites
Hub — aparelho que conecta vários equipamentos entre si
IM — programa de mensagem instantânea, ou bate-papo em tempo-real (MSN, Gtalk e Skype)
IP — endereço IP é uma espécie de RG do seu computador na internet
iPad — o tablet da Apple, computador em forma de prancheta, é a vedete do momento
iPod —  é um tocador de música digital ( MP3) lançado em 2002 pela Apple. Virou sinônimo de MP3 Player
Javascript — linguagem que reúne pequenos aplicativos dentro de um programa ou site
Kindle — o e-reader da Amazon deu a largada na corrida pelo novo suporte para livros digitais
LCD — sigla em inglês para tela de cristal líquido, usada em TVs e monitores finos
LED — sigla em inglês para diodo emissor de luz, também é como se batiza monitores ou TVs que usam tecnologia
Linguagem de programação — é o conjunto de comandos e códigos que constroem programas e o sites. Alguns exemplos: HTML, JavaScript, Flash, etc.
LOL — sigla para Laughing Out Loud, ou rindo bem alto. Equivale a dar uma gargalhada
Mashup — é o que acontece quando dois programas — ou duas músicas — se misturam num só
Metadata — é o dado do dado: informações atreladas a um arquivo, como nome do autor, data de criação, geolocalização
Mídia colaborativa — dá para ser autor de uma obra com vários outros autores, sem ter contato com eles, ao mesmo tempo em que todos escrevem (e editam)? Claro que dá!
Mídias sociais — redes sociais passaram a ser utilizadas como mídias — e por qualquer um!
Mobile — termo em inglês para portátil
N00B — o termo, escrito com zero no lugar do o, vem de newbie: novato ou inexperiente
Nuvem — programas e dados podem ser guardados online, ou na nuvem, como se diz
OLD — sabe quando mandam um vídeo ou link que você já viu? Se quiser tirar sarro, é só responder: OLD
Open ID — Sistema de identificação que permite acesso vários serviços com apenas um login e senha
Open Source — programas de código-aberto, são gratuitos e podem ser alterados por qualquer um
Peer-to-peer — é o nome que se dá à troca de arquivos entre dois computadores, sem intermediários
Pendrive — memória portável. Pequeno e prático, ele matou os disquetes e os CDs graváveis
Plasma — é o terceiro tipo de tela para monitores planos e leva esse nome devido ao material que gera as imagens em movimento
Postar — é o verbo para designar quando qualquer coisa é publicada online (foto, vídeo, blog, tweets, etc.)
QR Code — espécie de código de barras feito para ser lido por câmeras de celular —geralmente faz o aparelho acessar um site específico
Rede social — antes delas, se você quisesse achar alguém online, dependia da possibilidade de ele ter seu próprio site. Com as redes sociais, como o Orkut e o Facebook, todo mundo está online
ROFL — Rolling on the floor laughing, ou rolando no chão de tanto rir: é um superLOL
Roteador — aparelho que, ligado ao modem, redistribui a conexão de internet para outros computadores num mesmo ambiente
RSS — forma de acompanhar sites sem precisar entrar neles. As atualizações são reunidas no agregador, um leitor de RSS
Script — são comandos que executam funções específica dentro de um site
SEO — sigla para Search Engine Optimization: ações e truques que melhoram a posição de um site em um resultado de busca
Sistema operacional  — software fundamental de qualquer computador, que faz que todas as placas e programas instalados funcionem. Exemplo clássico: Windows
Startup — empresa recém-criada e ainda em busca de espaço no mercado da tecnologia, como o Foursquare
Subir — é quando você pega um arquivo do computador e o disponibiliza na internet. Também vale dizer upload
TAG — ao pé da letra, é etiqueta. São termos que organizam o conteúdo na internet
Tumblr — é como se fosse um blog, mas com foco em republicar coisas legais que você viu online — e é mais fácil de usar
Twitter — um blog para posts curtos, uma rede social ou uma nova mídia? Os três!
URL — é o endereço do site, o que você escreve na barra do navegador
USB — é aquela entrada que tem a ponta retangular. USB é sigla para porta serial universal, em inglês
Viral — quando um vídeo, link ou foto parece que se espalha sozinho na web, ele virou um viral
Voip — programas que permitem usar a web como telefone
WEB 2.0 — 2.0: é a web social, que todos produzem
Web 3.0 — web semântica, nela, conteúdo de diferentes sites interagem entre si e com o usuário
Widget — aplicativo instalado em outro programa para fazer funções específicas
Wiki — linguagem que permite a criação coletiva e colaborativa
WTF — para comentar coisas absurdas e incompreensíveis
XXX — classificação da indústria do cinema para filmes com cenas de nudez, foi adotada pela indústria pornô para deixar claro que há sexo explícito. Se o site tem três X, já sabe…
YouTube — o site do Google é o maior repositório de vídeos do mundo
ZIP — Arquivo que contém outros arquivos, compactados para aproveitar melhor o espaço e facilitar as transferências