Quem precisou pegar ônibus nesta manhã de quinta-feira, 26, teve uma grande surpresa. Após anunciar mais uma paralisação, ao contrário de outros movimentos, os carros estão todos na rua. A greve ficou restrita aos cobradores que atuam no transporte coletivo integrado da cidade, ou seja os carros circulam normalmente, mas com a catraca livre. Por conta disso, os passageiros estão podendo utilizar os ônibus sem pagar passagem e entrando pelas portas detrás dos carros. Não há cobradores nos ônibus, nas estações-tubo e nos terminais.

Como algumas empresas tentaram segurar os carros nas garagens, a paralisação acabou afetando os horários dos ônibus. O atraso também foi decorrente da realização das assembleias na porta de cada empresa. Além dos atrasos, os usuários dos sistema de transporte das empresas Viação Sul e Castelo Branco também foram afetados. 

As duas empresas não permitiram que os carros deixassem as garagens sem os cobradores. A Viação Sul, tem garagem em Almirante Tamandaré e a Castelo, em Quatro Barras, e atendem a região Norte da Capital. Há informações de que os moradores de Araucária também estariam com problemas para conseguir pegar um ônibus.

A paralisação não atinge algumas linhas da região metropolitana, como por exemplo, a Piraquara Curitiba.

Ainda de acordo com as informações da Urbs, todos os ônibus devem circular nesta quinta-feira. De acordo com a reportagem da Band News Curitiba, além da paralisação dos cobradores alguns motoristas também aderiram à greve.

Apesar de o sindicato informar que a adesão é total, alguns cobradores não aderiram à paralisação. Há linhas que estão cobrando, como as de Araucária e São José dos Pinhais, segundo a informação de alguns usuários do transporte coletivo. 

O  Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), que representa os trabalhadores, garantiu que a greve dos cobradores seria mantida e começaria a partir das 4 horas da madrugada. Os ônibus rodam 100%, a greve é dos cobradores,  afirmou Anderson Teixeira, presidente do sindicato, em entrevista à OTV.

A  lei municipal 12.597/2008 diz que as empresas podem impedir que a frota saia das garagens sem todos os profissionais a bordo. Ou seja, a a decisão sobre a circulação do transporte coletivo é das empresas que operam o sistema. Maurício Gulin, presidente da Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), secretaria que representa os empregadores, afirmou que nesta quinta-feira a frota só seria liberada com motorista e cobrador. “A frota vai sair do jeito que tem que sair: com motorista e cobrador”, disse ele. 

Entenda

Em audiência nesta quarta-feira (25) no Tribunal Regional do Traballho, a desembargadora Ana Carolina Zaina, pediu para que os trabalhadores não entrem é greve, mas disse que não pode impedir que os trabalhadores exerçam o seu direito, já que as empresas de ônibus não apresentaram proposta concreta às reinvindicações da categoria. “Não me sinto legitimada a pedir que não entrem em greve sem nada para oferecer aos servidores”, disse Ana Carolina Zaina.

“Sabemos do grande desgaste que uma greve provoca, mas a única forma de fazer com que a greve recue é iniciar uma negociação”, completou. A ideia do Sindmoc é sair com ônibus sem cobradores nesta quinta, ou seja, realizar uma paralisação com a catraca livre, mas Maurício Gulin, presidente da Setransp, que representa as empresas de ônibus, a frota só será liberada com motorista e cobrador. “A frota vai sair do jeito que tem que sair: com motorista e cobrador”, afirmou. Em vídeo da assembleia dos motoristas realizada na manhã de hoje, o presidente do Sindmoc, Anderson Teixeira, sugeriu que os empresários planejavam um locaute.

 

Veja vídeo onde presidente do Sindimoc fala em locaute

A desembargadora apresentou às partes as seguintes propostas: as multas aplicadas e descontadas do salário em decorrência de raspagem de pneus não devem ser praticadas até se esgotarem as negociações; as empresas passarão a comunicar o Sindimoc e possibilitarão a defesa do funcionário em relação as punições; e deverá ser constituída comissão formada por representantes de ambos os sindicatos a fim de que sejam deliberadas formas de coibir o assédio moral. Além disso, a desembargadora propôs que a Setransp promova o acesso à cultura aos trabalhadores.

No fim da audiência no TRT, ficou definido que a Urbs deve apresentar um cronograma de trabalho ao Juízo em dez dias. O plano deve contemplar três fatores principais: instalação de banheiros químicos para os cobradores das estações-tubo; aplicação de mantas térmicas nas estações; e apresentação do projeto de melhorias nas estações, que está sendo desenvolvido pelo IPPUC. O cronograma apresentado deve constar o prazo para cumprimento de cada um dos itens.

Uma nova audiência está marcada para essa sexta-feira (27), às 13h30, no TRT. Neste encontro, as categorias de trabalhadores e empregadores deverão trazer as decisões sobre as propostas feitas pelo Juízo.

Entre as reivindicações, os cobradores do transporte público de Curitiba pedem o fim da dupla função de motoristas em micro-ônibus da cidade, reajuste no vale alimentação e fim do assédio moral. Na última greve realizada pela categoria, a reivindicação em relação ao vale alimentação era de um reajuste para R$ 100, mas foi concedido apenas R$ 31,50.

Ontem, o sindicato que representa os trabalhadores e o sindicato patronal passaram a tarde em audiência de dissídio no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR). A audiência trouxe à tona diversos pontos da pauta de reivindicações dos trabalhadores, como a devolução dos valores descontados pelos dias de paralisação na última greve, o fim do assédio moral caracterizado pelas ameaças de punições, o uso de bermudas em dias quentes, a interrupção do desconto dos salários em razão da raspagem de pneus em calçadas.

Também foi colocado na mesa de negociação a concessão de vale-cultura e passes livres, a consulta aos trabalhadores nas alterações das escalas de trabalho, a concessão de um kit inverno (peças de vestuário para suportar as baixas temperaturas) e a adoção de medidas para minimizar as más condições de trabalho nas estações-tubo, entre outras solicitações.
Outro ponto de discussão foi a possibilidade de criação de uma comissão de trabalhadores, com indicação de representantes sindicais, para acompanhar os processos de aplicação de punição disciplinar pelas empresas de transporte.

Atualizada às 9h56