FABIANO MAISONNAVE, ENVIADO ESPECIAL
CARACAS, VENEZUELA – Em documento aprovado durante cúpula presidencial, o Mercosul manifestou nesta terça-feira (29) “apoio irrestrito” à Argentina contra credores que não aceitaram o acordo de reestruturação da dívida do país, impasse que pode levar a um novo calote por parte de Buenos Aires.
Por meio de uma “declaração especial” sobre o assunto, os presidentes do Mercosul “reafirmaram a sua solidariedade e o seu apoio irrestrito à posição da República Argentina diante das decisões legais favoráveis a um grupo minúsculo de detentores de títulos da dívida soberana da Argentina que rechaçaram as condições aceitas pela ampla maioria dos credores (92,4%)”.
Em consonância com declarações recentes da presidente Cristina Kirchner, a nota do Mercosul afirma que a Argentina não está num processo de eventual “default”, como ocorrido em 2001, pois “realiza pontualmente os pagamentos”.
O bloco criticou ainda os fundos “holdouts” (credores que recusaram um acordo pelo qual receberiam o que lhes é devido mediante desconto de 70%). Acusou-os de “obstaculizar a concretização de acordos definitivos entre devedores e credores, colocando em risco futuras restruturações de dívida soberana e a estabilidade financeira internacional”.
A declaração do Mercosul ocorre ao mesmo tempo em que uma comitiva argentina negocia de forma dramática em Nova York com dois fundos “holdouts” sobre o pagamento de uma parcela de cerca de U$ 1,5 bilhão determinada por um tribunal da cidade.
O prazo para vence nesta quarta (30). A falta de um acordo nas próximas horas pode fazer com a que a Argentina suspenda o pagamento de títulos da dívida.