GABRIELA GUERREIRO, RANIER BRAGON, RENATA AGOSTINI E MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF – Última a participar nesta quarta-feira (30) do encontro dos presidenciáveis com os pesos-pesados da indústria brasileira, Dilma Rousseff usou sua fala de 30 minutos para passar a imagem de que as ações direcionadas ao setor em seus quatro anos de governo mostram que ela é a mais preparada para ir além.
“A minha situação é diferenciada, eu tenho dizer o que eu fiz. Se eu fiz, eu sou capaz de fazer. Vocês não se iludam, não.”
Voltando a afirmar que há “surtos de pessimismo” que têm influenciado a economia, a presidente da República sustentou que uma das principais marcas de sua gestão foi ter “resgatado a política industrial, superando preconceito dos que durante muito tempo disseram que o Brasil não precisava de política industrial.”
Mais cedo, os oposicionistas Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) também participaram do evento, na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), e criticaram bastante o governo.
Em sua fala, Dilma – que estava acompanhada de vários ministros – começou ressaltando os investimentos da indústria naval e as expectativas de investimentos com o pré-sal.
A petista então listou sete ações que, segundo ela, auxiliaram a indústria: forte desoneração de tributos, crédito subsidiado, direcionamento das compras governamentais, foco na educação técnica e científica, investimento na infraestrutura, diminuição da burocracia e fortalecimento das parcerias privadas, incluindo as concessões – que Dilma afirma que irá ampliar.
Ela defendeu a atuação dos governos petistas em reação à crise de 2008. “Preparamos a base para a retomada do crescimento. Não desorganizamos a economia, como se fazia no passado. Não recorremos sistematicamente ao FMI”.
E diz ver hoje sinais de recuperação nas economias avançadas, mas ressaltou que “talvez seja cedo para celebrar o final da crise”. “Não surpreende que o índice de confiança dos empresários alemães esteja em queda há sete meses consecutivos”, afirmou Dilma.
Ela não fez menção ao índice de confiança do empresariado brasileiro, que tem batido recordes negativos.
Ao concentrar a maior parte de sua fala para dizer o que fez, Dilma foi econômica ao listar o que pretende fazer caso seja reeleita.
“Quem sempre defendeu a política industrial pode assumir o compromisso de fazer cada vez mais pela indústria brasileira”, afirmou ela, defendendo também a realização de uma reforma tributária, bandeira citada por Campos e Aécio mais cedo.
Propostas de reforma tributária têm falhado sistematicamente no Congresso, nos últimos anos, por falta de consenso entre os Estados.
Sobre modificações nas relações do trabalho, uma das pautas da CNI, Dilma defendeu a simplificação das regras trabalhistas, a valorização das negociações coletivas e a discussão de regras de terceirização que não “precarizem” o trabalho. “O governo federal não é contrário à terceirização, não há preconceito, mas achamos que sempre é prudente, ao falar em terceirização, falar em terceirização sem precarizar o trabalho.”
“Não se dará a reforma trabalhista nesse país sem um diálogo muito próximo entre empresário, trabalhador e Congresso”, acrescentou.
Assim como os adversários, ela também defendeu a importância da relação comercial do país com Estados Unidos e Europa, mas, diferentemente dos outros, ressaltou também a importância da relação com os países da América Latina e os emergentes, “sem preconceito”.