O número de pacientes que passam por consultas odontológicas iniciais (aquelas que dão início ao atendimento) na rede de saúde municipal cresceu 4,5% nos primeiros meses de 2014. Entre janeiro e maio deste ano foram 88.618 atendimentos desse tipo, ante 84.812 no mesmo período de 2013. Boa parte desse crescimento é consequência de mudanças no atendimento promovidas pela Secretaria Municipal da Saúde a partir do ano passado.

Na Unidade de Saúde Pompeia, no Tatuquara, por exemplo, o cirurgião-dentista Péricles Antônio Barbosa Pinto conta que a equipe de odontologia passou a fazer visitas frequentes às escolas da região para fortalecer a conscientização sobre os cuidados com a saúde bucal entre as crianças e, por extensão, suas famílias. Sentimos que a procura pelos serviços e o comparecimento às consultas intensificaram-se com essa ação, diz a coordenadora da US Pompeia, Elysianne Carlim.

Em visita a unidades de saúde de Curitiba, o coordenador-geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Gilberto Pucca, elogiou as iniciativas que levam em consideração as necessidades prementes da população atendida. A capacidade resolutiva é essencial ao bom serviço de saúde. É por meio dela que se obtém legitimidade social, afirmou.

O secretário municipal da Saúde, Adriano Massuda, chamou a atenção para o resgate da autoestima promovido entre os pacientes. Os bons serviços de assistência e atendimento odontológicos são essenciais inclusive na reconstrução da autoconfiança dessas pessoas, disse.

Consultório na Rua

Pucca aproveitou para conversar com dois dentistas que atuam no programa Consultório na Rua, que leva serviços de saúde para cerca de 4 mil moradores em situação de rua na capital. São quatro equipes multidisciplinares, compostas por médico, auxiliar de enfermagem, enfermeiro, psicólogo, assistente social, dentista e auxiliar de saúde bucal.

Curitiba foi pioneira em colocar dentistas neste programa porque sentiu a importância do serviço para criar vínculo com os moradores de rua. É uma experiência muito importante que o Ministério da Saúde quer levar para outros locais, disse Pucca.

No início do programa, os profissionais passavam metade do tempo de trabalho na rua, orientando sobre a importância da higiene bucal e tentando sensibilizar as pessoas a aceitar o atendimento. Hoje, já conseguem passar mais tempo nos consultórios. Dificilmente eles aceitam a nossa ajuda no primeiro contato. Mas insistimos. Facilitamos ao máximo a entrada deles nas unidades de saúde para receber o nosso atendimento, e muitos só aceitam depois que viram alguém que já passou por nós e está melhor hoje, explicou o dentista Alan Sierakowski.

O consumo diário de álcool e crack contribui para politraumatismos, e como consequência, para um grande número de extrações dentárias, além dos casos mais frequentes de tártaro, cáries e problemas na gengiva. As necessidades dessa população são diferentes, muitas vezes a única alternativa que temos é a extração. Perdem e muitas vezes trocam as escovas de dentes que oferecemos e ficam um grande período sem fazer nenhuma higiene bucal. Apresentam lesões muito grandes e a nossa única alternativa é a extração, ressaltou Antonio Carlos Rocha, que também realiza o atendimento.