PAULA SPERB
SÃO PAULO, SP – O jardineiro de 40 anos suspeito de ter mantido em cárcere privado uma adolescente e o filho deles em Campo Grande (MS) vai se apresentar à polícia nesta sexta-feira (22). A informação foi confirmada pela defensora pública do caso, Rosana Tognini.
A adolescente foi encontrada na última segunda-feira (18), após ela ter escrito um bilhete no verso de uma receita médica entregue em uma farmácia local. “Ele ameaça que vai tirar meu filho [um bebê de cinco meses]. Ele já me bateu muito quando eu estava grávida”, disse a garota no bilhete.
Acionada, a Polícia Militar encontrou a jovem através do endereço indicado no posto de saúde onde ela foi atendida. A casa onde ela estava é da ex-mulher do jardineiro.
Em depoimento à polícia, a jovem disse que tanto na consulta como na farmácia, a garota estava acompanhada do homem. A garota também disse que passou um tempo presa e que apenas podia sair acompanhada do suspeito.
Em entrevista à reportagem nesta sexta, o jardineiro negou que agredisse a adolescente. “Nunca agredi, nunca fiz cárcere”, disse.
“Ela ia comigo em todos os lugares, ela nunca ficou em casa [enquanto saía para trabalhar]. Ela tinha um ciúme possessivo, ela falava que eu ia trair ela [sic]. Ela queria estar atrás de mim, o tempo todo comigo”, disse ele à reportagem.
O jardineiro afirmou que também sentia ciúmes da garota porque a “ama muito”, mas confirmou que as brigas eram constantes. “Ela não limpava a casa, ela não fazia almoço. E isso era o motivo das discussões da gente.”
Segundo ele, no ano passado, o casal se mudou para a residência da ex-mulher, no começo deste ano, por falta de higiene na casa anterior. “Falei pra ela: ‘vamos tirar as coisas daqui, amor. Vamos tirar o nenê daqui porque está cheio de rato, de cocô de rato’.”
O jardineiro disse que a ex-mulher, com quem ele tem dois filhos, é sua amiga e sempre o ajudou. De acordo com o suspeito, ela também cuidava do bebê de cinco meses do casal.
O bebê ainda não foi registrado, segundo o suspeito falou à reportagem, porque eles não concordavam com o nome a ser dado. “Eu queria colocar Cristofer e ela queria outro nome, Cristofer Brown. Depois [quis] outro nome que a mãe dela escolheu”, disse.
O documento que comprova o nascimento, necessário para o registro, está com o homem. Segundo ele, se ela realmente estivesse em cárcere, poderia ter pedido ajuda nos dias em que passou no hospital por causa do parto.
O jardineiro também contou que a adolescente saiu da casa da família porque a mãe era contra o relacionamento. Na época a jovem tinha 16 anos. A polícia também vai ouvir a ex-mulher, a avó paterna e as demais testemunhas do caso.