O candidato ao governo do Paraná pelo PRTB, Geonísio Marinho, defende a volta do regime militar e afira que o Golpe de 64 evitou que o Brasil caminhasse para um lado obscuro. Marinho já foi candidato a vereador em Curitiba e Pontal do Paraná, mas nunca ocupou cargo eletivo. As propostas do candidato defensor da criação do Partido dos Militares direciona suas críticas a política públicas de atribuição federal. Entre as principais propostas ao governo estão a criação de uma poupança mantida com dinheiro público para premiar estudantes que se destacam e a desoneração de impostos sobre medicamentos. O candidato do PRTB quer endireitar o Paraná. 

Bem Paraná — O senhor já foi candidato em Curitiba e Pontal do Paraná, não foi eleito, somando as candidaturas, quantos votos conseguiu?
Geonísio Marinho — Em Curitiba fiz 0,42% e em Pontal do Paraná, apesar de ser uma votação menor, fiz 0,83%. Eu achava que era mais fácil, mas é muito mais difícil em cidade pequena. A disputa é no facão.

BP — O que fez o senhor pensar que para o governo do Estado seria mais fácil?
Marinho — A questão toda é que qualquer cidadão tem condições, pode se colocar como tal. Por que somente pessoas ditas poderosas, ricas é que têm essa oportunidade? Espero que meu exemplo seja seguido por qualquer outro cidadão depois de mim.

BP — O senhor diz que é um candidato de direita. O que é ser de direita?
Marinho — O candidato de direita externa opiniões sem medo de perder votos. Não se consegue unanimidade em tudo. O candidato de direita entende que chega um momento que o estado não tem mais condições de suprir as necessidades de quem mais precisa. O Estado está em uma situação muito difícil e por isso precisa mudar o foco. O candidato de direita vai procurar endireitar dando mais condições para que o cidadão possa por si só suprir seus recursos.

BP — O que é ser esquerda?
Marinho — Esquerda é o peixe, esquerda é fisiológica, paternalista. Os benefícios sociais, são todos eles válidos, nós não pretendemos tirar nenhum, até porque é uma conquista de todo o cidadão brasileiro, não somente o paranaense. Para isso precisamos fazer aquilo que chamamos de stop and go, parar e começar. Temos que fazer com que o Estado pare um pouco de dar porque vai faltar para outras atividades mais importantes do que simplesmente vestir e se alimentar.

BP — Uma proposta do senhor de uma bolsa auxílio para estudantes que é uma espécie de poupança financiada pelo Estado para que o estudante, depois de concluir a faculdade, possa ter o dinheiro para começar a vida. Isso não é ser paternalista?
Marinho — Precisamos entender que o resultado de uma futura geração que precisa ter reconhecimento de seu esforço pessoal. Isso começa pelo estudante que precisa ter uma motivação. Quando eu estava fazendo o curso primário para o ginásio, meu pai abriu uma caderneta de poupança pra mim que eu só pude mexer com 18 anos. Eu quero que este aluno, se esforçando, tirando notas boas, comece a pensar que quando chegar lá, ele terá pelo menos algum recurso para começar. Não quero que ele pare, quero que ele continue estudando investindo em si, em uma carreira profissional batalhadora.

BP — Imagino que quando se referiu a um programa paternalista, o senhor se refira ao Bolsa Família, que na sua interpretação é uma maneira de dar o peixe. O Bolsa Família também impõe uma série de condições, uma delas é manter os filhos em idade escolar com os estudos em dia. As propostas do senhor não é igual a do PT?
Marinho — Como disse, as conquistas não podem ser cessadas. Queremos que além de colocar os filhos na escola ele também trabalhe. É preciso criar frentes de trabalho para que ele se sinta útil, pare de ficar em casa. O nosso presidente, Levi Fidelix (PRTB), chama de bolsa preguiça. Nós também temos o bolsa 21, no qual todo cidadão brasileiro vai receber um aporte em uma caderneta de poupança de quatro salários mínimos pra que ele possa, quando tiver seus 21 anos, ter recurso para comprar seu consultório médico, seu consultório dentário para dar continuidade na atividade na qual ele se formou. Então queremos que além de colocar o filho na escola, os pais também trabalhem.


ICMS

Queremos uma cesta mais ampla dentro do Estado

BP — O senhor defende a criação do Partido Militar e a volta do regime militar ao Brasil. Em um regime, a discussão de ideias é limitada e dados da Comissão Nacional da Verdade levantados no ano passado mostram que no ano do golpe militar 50 mil pessoas foram presas e pelo menos 20 mil delas foram torturadas. No Paraná foram 10 mil pessoas, e mil torturadas, além dos desaparecidos e assassinados por discordarem do regime militar. O senhor não acha que a volta do regime em uma democracia em evolução e comunicativa como a nossa traria muitos problemas? Além disso, o que uma candidatura ao governo do Estado tem a ver com isso?
Marinho — O PRTB apoia a criação do Partido Dos Militares, não De Militares. Uma pessoa ilibada, que tenha sua ficha limpa pode entrar nesse partido. O PRTB já tem assinado algumas moções de apoio a outros partidos. Até porque os Estados Unidos tem 77 partidos e o Brasil tem apenas 32. Logicamente que essas pessoas que cometeram essas atrocidades na época do regime militar. O pessoal tem me cobrado muito – o Brasil nunca teve uma ditadura. O termo pressupõe um ditador e o Brasil nunca teve um ditador. O país teve um regime militar que pretendeu corrigir o Brasil que caminhava para um lado obscuro, aja vista que na Rússia foram 25 milhões de mortos no caso do regime comunista e na China 5 milhões de mortos. Não defendo ninguém, se torturou tem que pagar.

BP — O senhor tem outro programa local que chama Bolsa Talento. O que é?
Marinho — É um programa local – o Bolsa 21 é um programa nacional – que premia os alunos que se destacam na escola e que tiram notas boas. O dinheiro para o prêmio vira da nossa loteria do Estado do Paraná que fechou por má administração e não é porque foi mal administrada que nós vamos de fazer com que esse dinheiro fique no nosso Estado.

BP — O senhor é sócio de uma rede de farmácias, já foi presidente do sindicato das empresas de farmácias do Paraná e defende o abatimento de impostos de alguns medicamentos. Como surgiu essa proposta?
Marinho — Na verdade, não sou mais dono de farmácias, fui dono de uma farmácia individual que fazia parte de uma rede, com 42 sócios. Criamos uma bandeira que vários empresários do Brasil inteiro nos procuraram para saber o que nós fizemos. O ICMS é um imposto que incide sobre o fato gerador. Então se tem o produto na prateleira e quando venceu o empresário já tinha pago o imposto. Hoje, entendemos que os programas do governo federal podem resolver o problema. O ICMS é do dono da farmácia e fica embutido no preço final do medicamento. Existe uma cesta básica que você não tem que pagar, mas depois existem outros medicamentos que tem que pagar e queremos uma cesta mais ampla dentro do Estado.


Federal

Candidato do PRTB faz críticas ao governo

BP – No seu programa eleitoral o senhor cita a seca, mas não contextualiza, não deixa claro de qual seca está falando. O senhor diz que muitas pessoas se beneficiam da seca e cita o número de 14 milhões que viveriam as custas do Estado. No que o senhor se refere?
Marinho – Realmente, temos que contextualizar. O Estado não tem tantos incluídos nesse Bolsa Família, mas esse programa federal apadrinha muita gente do Nordeste que ainda vive às custas daquela indústria da seca, daqueles coronéis que se beneficiam dos seus currais para poder se reeleger. Existe a discrepância entre a força política da bancada nordestina com a bancada do Sul. Nós temos mais gente no Sul e algumas regiões do Nordeste tem proporcionalmente a mesma quantidade de deputados federais. Isso acaba trazendo um problema para o Brasil inteiro.

BP – Essa é uma maneira de nacionalizar a discussão uma discussão local. O senhor questiona muitas atribuições federais na sua campanha. Por que a sua campanha tem determinada atenção às políticas públicas de atribuição federal?
Marinho – É um anseio, o grito das ruas que se viu no ano passado. Não é por 10 centavos (SIC) que as pessoas saíras às ruas. Foi por uma série de contextos, por uma questão nacional. O governador recebe mais de 5 milhões de voto e pode convocar mais de 10 milhões de paranaense para gritar que realmente precisamos fazer que o Brasil avance.