SÃO PAULO, SP – O chefe de Governo da Líbia, Abdallah al-Theni, recebeu nesta segunda-feira (1º) do Parlamento a missão de formar um novo Executivo restrito, apesar das autoridades não terem o controle real do país, nas mãos das milícias. Segundo a agência oficial Lana, a maioria do Parlamento, eleito em 25 de junho e reconhecido pela comunidade internacional, votou a favor da permanência de Theni –que na quinta-feira passada apresentou a renúncia do governo provisório. Al-Theni recebeu a missão de formar um governo de 18 integrantes, quando o atual conta com 30. O governo líbio, refugiado no leste do país, reconheceu nesta segunda-feira que milícias armadas controlam as sedes dos ministérios e dos serviços públicos na capital, Trípoli. O Parlamento mudou-se para a cidade de Tobruk, no leste, no mês passado, depois que grupos armados rivais começaram a se enfrentar em Trípoli. As milícias impõem sua lei na Líbia ante as autoridades que não conseguem restaurar a ordem desde a queda do regime de Muammar Gaddafi em 2011, após oito meses de rebelião armada. Em um comunicado, o governo de Theni afirma que as milícias impedem, sob ameaças, o funcionamento dos serviços do Estado na capital. “As sedes dos ministérios e dos serviços do Estado em Trípoli estão ocupadas por milicianos armados que impedem o acesso dos funcionários e ameaçam as pessoas”, afirma um comunicado do gabinete. Theni acusou em 25 de agosto os milicianos do grupo “Fajr Libya”, procedentes em sua maioria da cidade de Misrata (ao leste da capital), pelo incêndio e saque de sua residência ao sul de Trípoli, depois que tomaram o aeroporto da capital aos milicianos rivais de Zenten (oeste). O “Fajr Libya”, integrado por facções islamitas que desejam formar um governo paralelo em Trípoli, foi chamado de “terrorista” pelo Parlamento. DESCONTROLE O Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ligou para Theni antes de sua nomeação para dar seu apoio, o governo líbio disse em um comunicado. Ambos salientaram a necessidade de diálogo e reconciliação nacional, segundo o comunicado. Os EUA disseram neste domingo (31) que um grupo armado tinha assumido um anexo abandonado da Embaixada dos Estados Unidos, mas não havia invadido o prédio principal. Todos os funcionários da embaixada foram removidos no mês passado. Um vídeo publicado na internet mostrou dezenas de homens, alguns armados, aglomerados ao redor de uma piscina em um edifício da embaixada dos Estados Unidos em Tripoli. Os grupos agora controlam Trípoli, alguns dos quais têm inclinações islâmicas, recusam-se a reconhecer o Parlamento em Tobruk, que tem uma forte presença liberal e federalista. Eles reconhecem o parlamento anterior, o Congresso Nacional Geral, em que os islâmicos estiveram fortemente representados.