Os jovens estão mais conectados do que nunca. É como se as novas gerações já nascessem com um chip que as orienta e instrui sobre tecnologias, interatividade, compartilhamento de conteúdo e acesso à informação. A força dessa conexão, presenciamos intensamente com os movimentos de rua que explodiram no país, principalmente no ano passado. Pela internet manifestações foram organizadas, planejadas e encorpadas.
O jovem tem energia, vitalidade, capacidade e espírito empreendedor. Mas na mesma proporção em que concentra vontade, também demonstra desilusão com a classe política. Percebemos isso, de maneira direta ou indireta. Recente pesquisa do Instituto Akatu, que trabalha com mobilização para o consumo consciente, revelou que menos de 10% dos adolescentes aptos a votar têm algum interesse no debate político.
A maioria prefere mesmo os videogames. E olha que a pesquisa não fez distinção social, entrevistou moças e rapazes das mais diversas classes econômicas. Outros levantamentos mostram sinais semelhantes, e da mesma forma, pouco animadores. Pesquisa do Instituto Data Popular, com 3,5 mil eleitores entre 16 e 33 anos, acusou que mais da metade desse universo jovem ainda estava indeciso ou disposto a anular o voto, na ocasião das entrevistas.
O estudo mais recente, intitulado Juventude Conectada, da Fundação Telefônica Vivo, detectou que somente 21% dos jovens brasileiros buscam informações sobre política na internet. O tema ficou em penúltimo lugar de interesse no mundo digital, à frente apenas do assunto decoração.
Ora, a desilusão é compreensível. O Brasil precisa de muito para melhorar, em Educação, Infraestrutura, Saúde e Transportes. Precisa promover reformas fundamentais, a começar pela Reforma Política e pela implantação do voto distrital. A comunicação entre as agremiações partidárias e o público jovem tampouco é efetiva, as linguagens são diferentes.
Porém é preciso compreender que todo esse processo começa nas urnas. A desmotivação não promoverá as mudanças e é sobre isso que o nosso eleitor, jovem ou velho, necessita refletir. Entre as nações com certo grau de desenvolvimento, o Brasil é o mais burocrático para empreender. Isso tem que acabar e o início dessa transformação está na política. É imperativo votar e escolher com critérios e coerência nossos candidatos.

Rodrigo da Rocha Loures é presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade – IBQP