O torcedor Alceu do Rosário, de 72 anos, foi salvo de agressões pelo goleiro Weverton. Ele estava na Arena da Baixada, no último domingo, vestindo uma camisa verde. Por ser a cor do rival Coritiba, alguns torcedores começaram a ameaçá-lo. Weverton fazia o aquecimento no gramado, antes da partida, e viu a cena. Ele deu sua camisa de treino para Alceu e evitou uma confusão.

O episódio foi relatado no site oficial do Atlético, que recebeu também uma carta do filho de Alceu, enviada para Weverton. Veja a carta dele na íntegra:

Bom dia Weverton, tudo certo?

Meu nome é Alceu do Rosário Júnior. Eu e meu pai, Alceu do Rosário, somos sócio torcedores do Atlético. Sempre fomos seus fãs no lado profissional, pela sua competência, liderança e comprometimento. Mas a partir deste domingo, eu e minha família passamos a te admirar pela sua humanidade e pela sensibilidade que somente os grandes seres humanos, pessoas iluminadas, humildes e abnegadas têm.

Meu pai tem enfrentado algumas dificuldades relacionadas a perdas familiares e à evolução da sua idade. Fatos rotineiros, mas que afetam mais uns que outros. Somos de Paranaguá, e no sábado ele passou a noite numa clínica para examinar a qualidade do seu sono. Minha irmã, sem muita malícia nesse assunto, preparou sua bolsa de roupas, o vestiu com uma camiseta verde no domingo e ele não deu atenção também. Como fiquei em minha cidade, nem tive como alertar.

Ele tem camiseta, mas não gosta de usar por medo de torcidas adversárias, mas usar verde? Com certeza foi a primeira e a última vez, pois estava sendo pressionado pela própria torcida, que nessa hora não verifica a idade da pessoa, sua paixão pela equipe, os depósitos mensais para o clube, nem as coisas que ele deixa de lado ou perde para estar presente.

Como ele falou, “uma pessoa de verde pode ser mais atleticano que qualquer outro”, pois não devemos ser julgados por nossas vestes, e sim pelo nosso caráter. CARÁTER que você mostrou ao perceber a situação e presenteá-lo com sua camiseta de aquecimento. Ele me ligou muito alegre, extrapolando de felicidade.

Parabéns e obrigado, em meu nome, em nome do meu pai, em nome da minha irmã, em nome de minha família, e em nome de todas as famílias que tiveram ou têm alguém que vá ao estádio desligado vestido com as cores do principal adversário.

Nas palavras do Sr. Alceu: “Antes eu gostava dele como ídolo, agora gosto dele com o carinho de um amigo”. Que Deus o ilumine sempre em sua trajetória excepcional, como profissional, ser humano e como ídolo que não perde sua simplicidade.