GISELE BARCELOS
UBERABA, MG – As chuvas que atingiram as duas maiores cidades do Triângulo Mineiro –Uberlândia e Uberaba– não foram suficientes para recuperar totalmente a vazão dos rios e normalizar o abastecimento de água.
Em Uberlândia, o racionamento de água continua porque o volume do recurso está 30% abaixo do normal. O diretor do departamento municipal de água, Orlando Resende, disse acreditar que não será decretado estado de emergência porque a população está economizando.
A prefeitura tem um projeto para criar uma terceira captação de água no rio Araguari, para atender até 1,5 milhão de habitantes a partir de 2017. Atualmente, a população de Uberlândia é de 654 mil pessoas. A licitação deve sair até dezembro.
Já em Uberaba, a prefeitura decretou situação de emergência no dia 16 de setembro e começou a penalizar o desperdício. No mês passado, a medida foi prorrogada até o dia 17 de novembro.
“Vamos manter o decreto emergencial e a fiscalização por desperdício enquanto as chuvas não firmarem. Faremos uma nova análise da condição do rio em 15 dias para determinar se haverá necessidade de estender o prazo mais uma vez”, disse o presidente do departamento de água, Luiz Guaritá Neto.
A prefeitura conseguiu aprovação de R$ 40 milhões no Ministério das Cidades para construir uma represa no rio que abastece a cidade. A barragem foi projetada para suprir um total de 600 mil habitantes –o dobro da população atual.
O projeto está previsto para entrar em operação até o início de 2017, mas depende do cumprimento da fase de licenciamento ambiental para a liberação da verba junto ao governo federal.
NO LIMITE
A situação está ainda mais crítica em cidades menores do Triângulo Mineiro e de Alto Paranaíba. Lagoa Formosa, com 17,9 mil habitantes, decretou estado de calamidade pública em setembro e está com racionamento desde então.
A cidade só recebe água à noite, das 18h às 6h. Com a principal fonte de abastecimento em situação crítica, a prefeitura recorreu a quatro poços artesianos e improvisou uma tubulação que corta a cidade para levar a água até a estação de tratamento.
Outro município em dificuldade é Monte Carmelo, com 47,7 mil habitantes. A cidade é abastecida por duas represas e 30 poços artesianos, mas o volume de água disponível já caiu 70% e as chuvas ainda não atingiram os mananciais para recuperar os estoques.
A produção diária despencou de 16 mil para 5.000 metros cúbicos de água e não existem mais alternativas emergenciais de abastecimento, segundo o diretor do departamento de água da cidade, Hamilton Mendes de Souza.
“Estamos fazendo rodízio na distribuição de água para tentar atender todos os bairros”, disse.
Para combater o desperdício, o departamento de água também adotou fiscalização nas ruas. Os consumidores são primeiramente advertidos e, em caso de reincidência, multados em R$ 627.
De 200 inspeções realizadas em dois meses, dez multas foram aplicadas.