Depois de aguardar por mais de uma hora a abertura da reunião e mais 30 minutos discutindo questões regimentais, deputados e senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras aprovaram por 19 votos a 8 o novo relatório do deputado Marco Maia (PT-RS) sobre as irregularidade envolvendo a estatal.
No novo texto, Maia incluiu o pedido de indiciamento de 52 pessoas pelos crimes de participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa ou passiva. Entre os nomes indicados pelo relator estão os ex-diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró. Marco Maia também reavaliou a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, desta vez pedindo o aprofundamento das investigações e admitindo o prejuízo de US$ 561,5 milhões na compra.
O que a gente percebe é que deputados da base votam não em função de conteúdo mas de defender o indefensável, atacou o deputado Izalci (PSDB-DF). O relator não se deixou se levar por onda alguma. O relatório não tem o princípio de aliviar costas de ninguém, afirmou Sibá Machado (PT-AC). O deputado partiu para o ataque a outros casos de denúncias de corrupção que envolvem outros partidos. Eu vi muito no Brasil a ideia da indignação. Eu queria dizer que se a indignação é no mérito do ilícito da administração, o que não dizer também de escândalos tamanhos em governos estaduais? São 33 indiciados em São Paulo. A responsabilidade tem que ser por igual, a indignação tem que ser para qualquer feito, completou.
Outra mudança foi o pedido de aprofundamento das investigações de empresas citadas em negócios irregulares com a Petrobras – Andrade Gutierrez Construções, Caide União, Consórcio Renest, Construções e Comércio Camargo Correia, construtoras OAS e Queiroz Galvão – acusadas dos crimes como pagamento de propina, fraude em licitações, formação de cartel e lavagem de dinheiro.
Morto – A CPMI tinha dois relatórios para analisar. Isto porque, além do novo texto de Maia, a oposição apresentou na quarta-feira um relatório paralelo com críticas mais duras e uma lista maior de sugestão de indiciamentos. O documento dos oposicionistas também pediu o indiciamento da presidenta da Petrobras, Graça Foster, por falso testemunho na CPMI.
O senador Humberto Costa (PT-PE), um dos citados pela oposição, criticou o texto. Segundo ele, o relatório paralelo é todo baseado em matérias da imprensa e não em fatos e partiu em defesa própria. O mais grave é que ao final esse relatório faz referência a parlamentares citados nesses vazamentos. Cerveró disse que eram mais ou menos 30 (parlamentares). Aqui citaram três ou quatro, sendo um deles morto, disse.