A greve de motoristas e cobradores de Curitiba e região deixou a Capital sem transporte público por 24 horas. Deflagrada à zero hora de ontem, nenhum ônibus circulou pela Capital mesmo com a determinação da Justiça do Trabalho de manutenção de frota circulante mínima. O dia sem ônibus foi de prejuízo para o comércio (que não tinha para quem vender), usuários (quem conseguiu transporte teve de pagar mais por ele), trânsito (vários pontos de congestionamentos foram registrados ao longo de toda a tarde) e até mesmo usuários da saúde, que perderam a data de exames e consultas médicas.

Ontem, a Associação Comercial do Paraná (ACP) fazia uma reunião no final da tarde para medir o tamanho do prejuízo para o comércio. Com a greve no sistema, muitos funcionários não conseguiram chegar ao trabalho e, com isso, lojas não abriram. As que buscaram seus funcionários e abriram tiveram muito menos clientes do que em um dia normal. A ACP deve divulgar um balanço hoje.

Quem saiu de casa e conseguiu um transporte emergencial cadastrado pela Urbs teve de pagar R$ 6 pela corrida, mais que o dobro do valor da tarifa de ônibus — R$ 2,85. A Urbs cadastrou 679 veículos para o serviço alternativo de transporte. São 547 carros e vans, 118 da Prefeitura, e 14 micro-ônibus.

No trânsito, foram verificados pontos de congestionamentos durante toda a tarde, mesmo fora do horário de pico. Houve registro de lentidão no Jardim Botânico no começo da tarde provocado pelo excesso de veículos. Na região Central, como a Avenida Mariano Torres, também houve congestionamento, conforme boletim da Secretaria de Trânsito pouco depois das 14 horas. Em São José dos Pinhais, o volume de carros também deixou a região da Rui Barbosa praticamente travada.

A Secretaria Municipal de Abastecimento também informou que o Restaurante Popular da Regional Matriz, na Praça Rui Barbosa, ficou fechado por falta de funcionários da empresa terceirizada responsável pelo local — a maioria reside na Região Metropolitana e não conseguiu vir ao trabalho em função da greve do transporte coletivo.

A situação deverá ser regularizada hoje. Já os restaurantes populares das administrações regionais Bairro Novo, CIC e Pinheirinho funcionaram normalmente.

Decisão — O desembargador Luiz Eduardo Gunther, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), definiu, após presidir audiência de conciliação que durou do final da tarde até a noite de  ontem, que o transporte coletivo deveria voltar a operar à zero hora de hoje e que 70% da frota circulasse em horário de pico e 50% nos demais horário. O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região (Sindimoc) disse que acataria a decisão.

A greve não acabou, mas caso os ônibus não circulem com o mínimo determinado, o Sindimoc terá de pagar multa de R$ 300 mil por dia. A determinação já constava de liminar que a Prefeitura havia conseguido no final da semana passada, antes da deflagração da greve, mas os dirigentes do Sindimoc alegam que não receberam a intimação.

Hoje está agendada a segunda audiência do dissídio da greve, às 14h30.