FELIPE GUTIERREZ
BUENOS AIRES, ARGENTINA – Onze dias depois da morte, o corpo de Alberto Nisman foi enterrado em um cemitério israelita no município de La Matanza, vizinho de Buenos Aires.
A cerimônia foi fechada, assim como o velório, que ocorreu na quarta (28) à noite.
Nisman denunciou a presidente Cristina Kirchner por ter feito um acordo com o Irã para supostamente deixar impunes os responsáveis por um atentado terrorista de 1994, que deixou 85 mortos na sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina).
O cortejo fúnebre foi acompanhado por pessoas com bandeiras da Argentina, exibindo cartazes com a frase “Todos Somos Nisman” e outros pedindo justiça.
O rabino Marcelo Polakoff, que fez a cerimônia do enterro, foi ao cemitério no carro que levou o corpo de Nisman e conta que também houve muita gente que jogou flores.
A polícia isolou a entrada do cemitério. Do lado de fora, equipes de TV de canais vistos como governistas foram vaiadas.
Na noite anterior, durante o velório, chegaram a bater nos vidros do carro em que chegou a procuradora-geral da Argentina, Alejandra Gils Carbó, por a identificarem como uma kirchnerista.
Ela também foi chamada de “assassina”.
Segundo o rabino, a ex-mulher do promotor leu na cerimônia cartas que as filhas, uma de 7 e outra de 15, escreveram ao pai. “A da mais nova terminava dizendo ‘nos vemos quando eu morrer’, foi muito emocionante”, diz Polakoff.
Elas já haviam publicado uma nota fúnebre no jornal “La Nación”, em que diziam “hoje nos despedimos, sabendo de sua dedicação ao trabalho”. A ex-mulher, a juíza Sandra Arroyo, também assinava uma nota em que escreveu que espera que ele “encontre a paz, que sua entrega ao trabalho não permitiu desfrutar em plenitude”.
O rabino relata que Arroyo afirmou, durante o velório, que Nisman não se matou. Segundo o jornal “Clarín”, a frase exata foi”: “Sabemos que isso não foi uma decisão sua”. No cemitério, ele não foi enterrado no setor onde ficam os suicidas.