SÃO PAULO, SP – o assassinato do opositor russo Boris Nemtsov na noite desta sexta-feira (27) em pleno centro de Moscou foi planejado detalhadamente, afirmaram os investigadores neste sábado (28), atentando para a arma utilizada e o conhecimento que os autores tinham dos movimentos de sua vítima.
“Não há dúvidas de que o crime foi meticulosamente planejado, assim como o local escolhido para o assassinato, a Grande Ponte de Pedra, ao lado do Kremlin”, indicou o comitê de investigação.
Tudo leva a crer que “a arma utilizada é uma pistola Makarov”, armamento curto usado pelas forças de polícia e pelo Exército russo e, portanto, de uso generalizado, acrescentam os investigadores por meio de um comunicado.
No local do incidente, os investigadores encontraram seis cápsulas de uma munição de calibre 9 mm, procedentes de fabricantes diferentes, o que dificulta a determinação de sua origem.
“Boris Nemtsov ia com sua companheira ao seu apartamento, perto do local do crime. É evidente que os organizadores e os autores deste crime estavam cientes de seu trajeto”, conclui o comitê encarregado de investigar o caso.
Também segundo o comunicado, as testemunhas do assassinato já foram interrogadas.
REAÇÕES
Minutos após o anúncio do assassinato, o governo Putin condenou a ação e levantou a hipótese de que o crime tenha sido encomendado, sem, no entanto, dizer por quem. “É cedo para tirar conclusões sobre a morte, mas já se pode dizer com uma certeza de 100% que foi uma provocação”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O presidente dos EUA, Barack Obama, que se encontrou com Nemtsov em 2009, pediu investigação rápida e imparcial. “O povo russo perdeu um dos mais dedicados e eloquentes defensores de seus direitos.”
Para o mandatário ucraniano, Petro Poroshenko, a morte não foi por acaso. “Nemtsov era uma ponte entre Ucrânia e Rússia e essa ponte foi destruída.”
A chanceler alemã, Angela Merkel, exigiu ao presidente russo, Vladimir Putin, que garanta uma investigação independente e com consequências legais sobre o assassinato do líder opositor.
O porta-voz do Executivo alemão, Steffen Seibert, explicou em comunicado que a chanceler se mostrou “consternada” pelo assassinato de Nemtsov. Merkel pediu a Putin que facilite “a investigação do assassinato e que os responsáveis compareçam perante a justiça”, segundo Seibert.
A chefe do governo alemão destacou a “coragem” de quem foi vice-primeiro-ministro de dois gabinetes russos em 1997 e 1998, durante a presidência de Boris Yeltsin, por suas “críticas abertas” às políticas do atual Executivo em Moscou.
O presidente da França, François Hollande, condenou “o odioso assassinato”, ocorrido na noite desta sexta-feira em Moscou, do opositor russo Boris Nemtsov, a quem qualificou de “valente defensor da democracia” em seu país.
“Boris Nemtsov era um defensor valente e incansável da democracia e um combatente contra a corrupção”, assegurou Hollande em comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu.