SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Andreas von Richthofen quebrou o silêncio 12 anos após a morte dos pais. O rapaz, que tinha apenas 15 anos quando aconteceu o crime, deu uma entrevista à rádio Estadão nesta sexta-feira (6) e defendeu o pai, Manfred Albert von Richthofen, das acusações de que teria desviado dinheiro da Dersa, quando trabalhava na estatal. Na última segunda (2), o promotor Nadir de Campos Junior afirmou no programa SuperPop, da RedeTV!, que Manfred mantinha contas na Europa e que a beneficiária era Suzane.

O dinheiro seria fruto de desvios ocorridos nas obras do trecho oeste do Rodoanel, realizadas pela Dersa. Andreas, que divulgou uma carta à radio, contesta as acusações. “Se há contas no exterior, que o sr. [promotor Campos Junior] apresente as provas, mostre quais são e aonde estão, pois eu também quero saber.” “Mas que se isso não passar de boatos maliciosos e não existirem provas, que o sr. se retrate e se cale a esse respeito, para não permitir que a baixeza e crueldade deste crime manche erroneamente a reputação de pessoas que nem aqui mais estão para se defender”, acrescenta.

Manfred e a mulher, Marísia von Richthofen, foram mortos na casa em que moravam em 2012. A filha, Suzane, que tinha com 19 anos na data do crime, foi condenada a 38 anos e seis meses de prisão pelas mortes. Também foram condenados o namorado dela na época, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Christian. Andreas não falou sobre a irmã na entrevista, mas na carta classificou o crime como “nojento” e chamou ela e os outros dois acusados de assassinos. “Entendo que sua raiva e indignação para com estes três assassinos seja imensa, e muito da sociedade compartilha esse sentimento. E eu também. É nojento”, afirma ele na carta feita ao promotor.

SUZANE

Suzane também ficou mais de dez anos sem falar sobre o crime, até conceder um entrevista ao “Programa do Gugu”, na Record, na semana passada. Ela deu detalhes sobre o assassinato dos pais afirmou que o crime foi planejado durante meses por ela, Daniel e Christian. “Todos dizem que eu sou a mentora, a cabeça de tudo. Não é verdade. Uma cabeça só não pensa em tudo. É uma junção de tudo, concorrência de ideias. Eu fiz parte, mas os três bolaram aquilo. Eu acho que o Cristian sabia menos da situação”, disse. Ela disse ainda que não vê o irmão desde 2006, quando houve o julgamento. “Eu sei que meu irmão sofreu muito, mas como ele passou estes anos, eu não sei. Se eu sofri aqui dentro [no presídio], imagino ele lá fora. Quando ele diz o sobrenome, qualquer um reconhece, e ele terá que carregar isto para sempre.” Ela diz acreditar que um dos motivos do afastamento pode ter sido a herança, da qual abriu mão em 2014.

Na entrevista, afirmou não ter consciência do valor: “Este dinheiro nunca foi meu. Era dos meus pais e hoje pertence ao meu irmão”. Cumprindo pena na penitenciária do Tremembé, no Vale do Paraíba, ela também falou sobre o relacionamento com a detenta Sandra Regina Ruiz Gomes, 31. “A gente tem uma vida juntas. Não é um amor de cadeia”, afirmou. Na quarta-feira, porém, Sandra deixou a penitenciária após ter a progressão para o regime semiaberto concedido. Ela foi transferida para o presídio feminino de São José dos Campos (a 97 km de SP), e Suzane voltou para a cela de solteiras na penitenciária do Tremembé.