FELIPE SOUZA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de comerciantes de São Mateus, no extremo leste de São Paulo, reclama da falta de segurança após a Polícia Militar desativar duas bases e uma companhia na região. A revolta é ainda maior porque os três prédios foram erguidos com o dinheiro dos próprios comerciantes.
A Folha de S.Paulo revelou nesta segunda-feira (23) que os bairros mais pobres da capital paulista, como São Mateus, foram os que registraram o maior aumento no número de roubos em 2014 em relação a 2013. O número de ocorrências registradas no ano passado na principal delegacia da região – 49º DP (São Mateus) – saltou de 1.679 em 2013 para 2.367 em 2014, um aumento de 41%.
Mas quem passa pela praça Catas Altas, uma das mais movimentadas da região, observa a construção onde funcionava uma base até alguns meses atrás com a pintura preservada, mas abandonada e tomada por mato.
O dono de uma loja de materiais para construção na região Erick Takara, 30, disse ter feito diversas doações para erguer o abrigo onde três PMs se revezavam na patrulha. “Eu forneci o piso usado em todo o acabamento. Sem esse reforço [no policiamento], os roubos voltaram a virar rotina aqui perto”, afirmou.
Tanto essa base quando a construída na praça Miguel Ramos de Moura e a extinta 4ª companhia, localizada na avenida Ouro Verde de Minas, foram erguidas em 2012 no mesmo bairro. Todas funcionaram apenas até meados de 2014.
O membro do Conseg Teotônio Vilela (conselho de segurança do bairro) Lourivaldo Delfino disse que a associação, composta por dez comerciantes, investiu cerca de R$ 30 mil nesses três prédios. “Depois de diversas reuniões e provas de que esses pontos precisavam de um reforço na segurança, conseguimos construir essas bases. Mesmo com números positivos e um bom investimento, decidiram fechá-las. Nossa vontade é que elas sejam reabertas porque só assim os bandidos se intimidam”, disse.
Procurada, a Polícia Militar não informou o motivo do fechamento das unidades de segurança.