SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O partido do presidente da Bolívia, Evo Morales, sofreu no domingo (29) uma derrota nas eleições municipais ao perder em seis das principais cidades da Bolívia, algumas das quais consideradas redutos do governante.
O Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, perdeu as prefeituras de Cochabamba, Oruro e El Alto, que eram controladas pelo partido, e não conseguiu conquistar as de La Paz e Santa Cruz, onde o MAS nunca governou.
O partido foi vitorioso nas cidades de Cobija e Potosí, segundo as pesquisas de boca de urna divulgadas pela imprensa.
O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, atribuiu em entrevista coletiva estes resultados à “fraqueza” das lideranças locais de seu partido, se comparado à força demonstrada por Evo Morales em outubro, quando conquistou um terceiro mandato presidencial com mais de 60% dos votos.
Para Morales, a derrota de seu partido foi provocada por votos “de punição contra a corrupção” e também pelo machismo.
Os candidatos governistas Edgar Patana em El Alto e Felipa Hyanca em La Paz, suspeitos de envolvimento em corrupção, perderam para a oposição.
“Se isso é verdade, o povo deu um voto de castigo contra a corrupção”, afirmou o presidente.
Por outro lado, Morales atribuiu a perda do governo de La Paz à condição de mulher indígena de Hyanca, que perdeu para o intelectual aimara Félix Patzi, um dissidente do MAS e hoje opositor.
“Sinto que ainda há machismo e também discriminação contra uma mulher de origem camponesa”, inclusive por parte das mulheres, disse Morales.
Apesar das derrotas em localidades estratégicas, Morales se mostrou “muito otimista e muito contente”, porque, segundo sua opinião, “é falso que o MAS tenha perdido” as eleições.
“Melhoramos e aumentamos, só me preocupam os resultados em La Paz [cuja região inclui El Alto] e Cochabamba”, afirmou o presidente.
Morales ressaltou, além disso, que muitos dos opositores vitoriosos saíram das fileiras do MAS.
Segundo os resultados extraoficiais divulgados até agora, o MAS ganhou quatro dos nove governos de departamentos do país, enquanto a oposição triunfou em três. Em dois, deve haver um segundo turno.
A participação nas eleições foi de cerca de 85% da população convocada a participar do processo. O voto é obrigatório na Bolívia.
“Novamente o povo boliviano demonstrou que é democrático”, disse Morales.