FLÁVIA FOREQUE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Renato Janine (Educação) afirmou, de forma indireta, que o governo federal passa por um momento de “dificuldades” diante da redução de recursos dos ministérios, mas ponderou que é em situações como essa que “se vê o valor das pessoas”.
Janine fez o desabafo em seu perfil no Facebook, no último sábado (23), um dia depois do anúncio oficial do corte de R$ 69,9 bilhões no orçamento do Executivo. Desse total, R$ 9,4 bilhões serão no MEC, pasta principal do lema adotado pela presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato – Pátria Educadora.
“Algumas pessoas [estão] dizendo que eu não deveria estar no governo na hora das dificuldades. Até alegando que isso queimará minha imagem. Quer dizer: para elas, você só deve ir para o governo na hora do Bem Bom, da fartura, quando não parece necessário fazer economia”, escreveu o ministro, professor de ética e filosofia na USP.
“Mas é na hora das dificuldades, penso eu, que se vê o valor das pessoas. É quando há pouco dinheiro. É quando os oportunistas se afastam”, emendou. Janine reconheceu que a imagem que se passa para o público externo é “super mega importante” no universo político, mas ponderou que isso “não pode substituir o valor real”.
“Pessoas que fogem das dificuldades e dos desafios; que pensam mais na imagem do que na verdade; pessoas assim têm consciência ética? Penso que não. Devemos ter paciência com elas. Porque precisam aprender o valor real, e não o custo, das coisas”, concluiu.
FIES
Em vídeo enviado ao portal “G1” no dia do anúncio, o ministro defendeu o corte e destacou que, a partir dele, será possível ter um cenário mais claro sobre uma nova edição do Fies no segundo semestre, o que ainda não está definido.
“A sinalização da presidenta é muito importante, existem cálculos no orçamento que têm que ser feitos. (…) Então, dentro disso vamos dedicar particular atenção ao Fies. É uma questão de poucos dias para terminar a tensão e nós podermos ter um resultado claro”, afirmou.
“Com a definição do orçamento, agora vamos trabalhar o Fies”, escreveu em seu perfil no sábado. O dinheiro que vai para o financiamento, no entanto, não sai do orçamento do MEC, alvo do corte de R$ 9,4 bilhões. Os recursos têm como origem a emissão de títulos da dívida pública, feita por outra área do governo, o Tesouro Nacional.