SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A PUC São Paulo amanheceu nesta sexta-feira (29) com uma placa em homenagem ao filósofo Michel Foucault. O objeto contém o nome e data de nascimento do pensador, com a mensagem “vive aqui”.
Procurada, a universidade não comentou o caso até a tarde desta sexta.
A manifestação, feita por autor ainda desconhecido, é mais um ato para tentar manter a cátedra de Foucault na PUC. A universidade quer devolver um conjunto de áudios de aulas ministradas pelo pensador francês entre 1971 e 1984 no Collège de France.
No início deste mês, a direção acadêmica da universidade enviou um recurso ao cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo e Grão Chanceler da PUC, contra o veto à cátedra. Essa é a última chance de evitar a devolução do material.
Na segunda-feira (25), senadora Marta Suplicy participou de um protesto para manter a cátedra , que reuniu cerca de 50 pessoas na frente da universidade. Durante o ato, o artista plástico Cabral fez um desenho abstrato de Foucault sobre uma tela.
O CASO
A PUC de São Paulo é a única instituição fora da França a ter acesso ao material, doado numa parceria que começou em 2011, com intermediação do Consulado Geral da França em São Paulo e outras nove universidades estrangeiras.
Ainda que não tivesse sido oficializada, a cátedra já tinha permitido, na prática, um intercâmbio mais intenso entre pesquisadores brasileiros e instituições internacionais, com, por exemplo, doutorados de cotutela (dois orientadores) em Paris e Bordeaux, na França, e no Canadá.
A cátedra funcionaria como um centro internacional de estudo e pesquisa sobre a obra de Foucault (1926-1984), que era homossexual e morreu em decorrência da Aids. Crítico das instituições de controle social como o presídio e o manicômio, o francês é autor, entre outras obras, de “Vigiar e Punir” e a “História da Sexualidade”.
O Conselho Superior da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC, composto por dom Odilo, cinco bispos e a reitora, Anna Maria Marques Cintra, vetou a criação da unidade no final do ano passado.
Desde então, os representantes acadêmicos da cátedra dentro da PUC adotaram medidas para reverter a decisão. Os professores Márcio Alves da Fonseca e Salma Muchail chegaram a se reunir com o cardeal de São Paulo.