SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ouro e os fundos cambiais lideraram em maio, pelo terceiro mês seguido, o ranking de aplicações da Folha de S.Paulo, impulsionados pela alta de 42% do dólar em 12 meses. O levantamento computa o desempenho no período e desconta Imposto de Renda. Vale destacar que, quando há perda, o IR não é cobrado.
O ouro teve ganho acumulado de 34,55% nos últimos 12 meses. No mês, a alta foi de 5,54%. O ouro é isento de Imposto de Renda para movimentações até R$ 20 mil.
Os fundos cambiais tiveram alta de 34,37% em 12 meses (após desconto de IR, que é de 17,5% na categoria). No mês, avançaram 4,63% -já sem o IR.
A inflação medida pelo IPCA (índice oficial) é de 8,17% nos 12 meses encerrados em abril. Para maio, a projeção é de 0,54%, de acordo com a mais recente pesquisa semanal do Banco Central com economistas (o Boletim Focus).
Além do desempenho no mês, que ajuda a identificar as principais influências momentâneas sobre os investimentos, o retorno em 12 meses é considerado no levantamento da Folha de S.Paulo como forma de avaliar o desempenho dos investimentos em um prazo maior. Manter uma aplicação por pelo menos um ano também reduz a alíquota de IR a pagar.
O fundo cambial, que costuma ter custos elevados de taxa de administração, é uma forma de proteção para pessoas com despesas programadas em dólar -como um filho que mora no exterior.
Mas, fora dessa circunstância, não é recomendado por consultores como alternativa a pequenos investidores, uma vez que o preço do dólar oscila muito e as taxas de juros, que remuneram a renda fixa, estão elevadas.
Vale destacar ainda que a rentabilidade passada não é garantia de rendimento futuro.
A pior aplicação em 12 meses foi em fundos de ações livres, alternativa para o pequeno investidor que deseja aplicar em Bolsa. No período, o ganho foi de 4,11% (após desconto de IR, que é de 15% na modalidade), abaixo até da rentabilidade da poupança -tanto para depósitos até 3 de maio de 2012 quanto após essa data-, que foi de 7,25%.
No mês, os fundos de ações livres perderam 1,35%, enquanto a poupança rendeu 0,62%.
DÓLAR
A valorização de 5,71% do dólar no mês foi motivada pelas dificuldades para aprovar as medidas de ajuste fiscal e também por rumores indicando uma possível saída do ministro Joaquim Levy (Fazenda) por suposto descontentamento com o valor final dos cortes necessários para alcançar a meta de 1,2% de superavit primário, afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
“Embora os indicadores tenham ficado dentro do esperado, o mercado de câmbio segue na defensiva, à espera dos resultados do ajuste fiscal”, afirma.
A expectativa com a elevação da taxa de juros nos Estados Unidos ainda em 2015 pressionou a cotação da moeda americana no Brasil.
Caso o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumente os juros, os investidores poderiam retirar o dinheiro de países emergentes, como o Brasil, e aplicar nos títulos americanos, considerados mais seguros. Com a perspectiva de maior saída de dólares na economia brasileira, a cotação da moeda sobe.
“O dólar deve se manter perto de R$ 3,20. É mais provável que continue nesse patamar do que voltar para R$ 3. Ainda há muita incerteza tanto no exterior como no Brasil, e o mercado sempre monta um cenário com base no caminho menos otimista”, ressalta Galhardo.”Internamente, as atenções vão continuar nas aprovações das medidas de ajuste fiscal. A cada derrota, a taxa de câmbio deve subir um pouco mais”, complementa.
BOLSA
A Bolsa voltou a fechar um mês no vermelho, após subir 9,9% em abril. Em maio, o Ibovespa, o principal índice do mercado acionário brasileiro, caiu 6,17%, mas em 12 meses o avanço é de 2,97%. A desaceleração da economia brasileira, que se refletiu em balanços corporativos fracos, foi o principal impacto para a Bolsa no mês, afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora.
“Se pegar as empresas do Ibovespa, excluindo bancos e a Petrobras -que distorcem a média-, a queda da receita líquida das empresas foi de 8% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado”, afirma.
A Bolsa deve continuar enfrentando desafios nos próximos meses, diz Silveira. “Por mais que o mercado esteja em uma lua de mel com a política econômica do Levy, pesa mais a constatação de que a economia está num processo depressivo, o que contribui para a queda dos gastos dos principais agentes de mercado”, diz.
Para ele, a política de austeridade do país deve continuar prejudicando os resultados das empresas nos próximos trimestres e afetando a Bolsa.
OURO
A alta do ouro em 12 meses se deve basicamente à valorização do dólar no Brasil, avalia Maurício Gaiote, analista de ouro da Ourominas. “No exterior, o preço da onça tem flutuado entre uma faixa muito estreita, de US$ 1.180 a US$ 1.210. A valorização do ouro no Brasil sinaliza uma busca por proteção. Depois, quando a situação em Bolsa melhorar, é possível que alguns investidores voltem para o mercado mais arriscado”, ressalta.
Para investir em ouro, é possível comprar contratos negociados na BM&FBovespa, que são padronizados em 250 gramas. O grama hoje está R$ 121,9. Quem quiser comprar uma barra terá de desembolsar R$ 30.475. Há corretoras, porém, que oferecem contratos com quantidades menores do metal.
O metal é considerado uma opção segura de investimento e, por isso, é mais procurado em momentos de instabilidade no mercado financeiro, como o atual.
RENDA FIXA
O aumento do juro básico (Selic) vem favorecendo os fundos de renda fixa, que tiveram valorização de 10,19% em 12 meses (após o desconto de IR), e os fundos DI, com ganho de 9,69% (após IR) no período. No mês, as altas foram de 0,82% e 0,70%, respectivamente.
Esses produtos aplicam em títulos cuja remuneração acompanha a tendência do juro básico, ou que estão atrelados à própria Selic.