Os bichos de estimação já fazem parte dos lares, mas a convivência exclusiva com humanos pode afetar seu comportamento. Os animais precisam aprender a conviver com o ser humano, mas sem perder seus instintos. Para isso, é muito importante a orientação veterinária, que explicará as características de cada espécie, principalmente caninas e felinas, explica Ceres Faraco, coordenadora da programação de Bem-estar e Comportamento, palestras que fará parte do Congresso Medvep de Especialidades Veterinárias, a ser realizados entre os dias 22 e 25 de julho, no Expotrade Convention Center, em Pinhais, na Grande Curitiba. 

De acordo com ela, é preciso tomar precauções para que não haja uma humanização dos animais. Os bichos acabam reforçando comportamentos dos donos e a interpretação humana é muito prejudicial, afirma. A veterinária comenta que impedir o animal de se expressar normamente traz consequências preocupantes. Por exemplo, cães que não têm oportunidade de conviver com outros cachorros, não se exercitam, recebem alimentação inapropriada ou são submetidos à procedimentos estéticos excessivos chegam a ter sua saúde física e mental comprometidas, conta. Comportamentos novivos para os bichos são: isolamento social, falta de exercícios, ambiente embobrecido, má-alimentação, cuidados de saúde negligenciados, recursos limitados de alimento, água e banheiro. O problema não está em deixar o animal dormir na cama e sim em não dar condições básicas para seu bem-estar, observa.
A coordenadora afirma que doenças comuns nos humanos também podem acometer animais. Por falta de experiências sociais, filhotes e adultos podem desenvolver transtornos de ansiedade, agressividade e se automutilarem por frustração, alerta. Segundo ela, as doenças são estudadas há muito tempo, mas foi nos últimos dez anos que ganharam mais atenção. As doenças se tornam mais significativas a medida em que mais pessoas convivem intimamente com animais e procuram auxílio para resolver questões que perturbam a convivência entre todos, ressalta.
Ceres Faraco comenta que a melhor forma de prevenção é treinar o animal a ficar tranquilo diante de experiências novas e desafios. É preciso motivá-lo com atividades diárias e ter convivência social, caso contrário, os bichinhos ficarão ‘hibernando’, ou seja, não corresponderão a nenhum estímulo sem a presença do dono, explica. Ela também ressalta que eles podem ter comportamentos e reações exageradas ao enfrentarem novas situações. Na tentativa de afastar o que pertuba, os animais podem ficar ofegantes, buscar insistentemente a proteção do dono, vocalizar, se esconder, entre outras manifestações comportamentais, salienta.