RAUL JUSTE LORES WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O comércio bilateral entre Brasil e EUA deve “dobrar nos próximos dez anos”, e durante a visita da presidente Dilma à Casa Branca, nesta terça (30), haverá “anúncios concretos” para o aumento de “comércio, investimentos, viagens e cooperação de Defesa” dos dois países. A mensagem otimista foi dada em conferência telefônica a correspondentes em Washington pelo assessor do Conselho de Segurança Nacional do presidente Obama, Ben Rhodes, e pelo diretor sênior para assuntos do Hemisfério Ocidental, Mark Feierstein, nesta quinta (25).

“Não posso me adiantar aos anúncios dos presidentes, mas haverá passos concretos e uma agenda substantiva para aumentar o comércio, a eficiência e a participação dos dois países em cadeias produtivas de valor no curto e médio prazos”, disse Feierstein.

Espera-se que os EUA anunciem a liberação de importações de carne “in natura” (não congelada) brasileira no país -apesar de não ser em grandes quantidades, o selo de aprovação ajudaria a abrir terceiros mercados para o Brasil.

Acordos de cooperação militar também estarão na pauta. Ambos disseram que a crise após as revelações da espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) no Brasil estava superada. Que o governo americano não costuma pedir desculpas por suas atividades de inteligência, mas que a presidente Dilma teria recebido as explicações necessárias sobre o alcance da espionagem e que aliados e parceiros estariam tendo a “confiança” de que esses programas não iriam além das preocupações de “segurança nacional” americana.

Sem dar detalhes, os dois assessores da Casa Branca afirmaram que as prioridades na relação estão em comércio e investimentos, defesa e segurança, educação, ciência e tecnologia. Há grupos de trabalho para o programa Visa Waiver, que isentaria os turistas brasileiros da necessidade de visto americano para visitar o país, mas não há sinais de que a mudança na política possa ser já anunciada.

Os dois presidentes devem falar de mudanças climáticas -Obama já falou de medidas de redução de emissões com os colegas de Índia, China, Japão e União Europeia recentemente. Com Dilma, ele também deve falar da reaproximação dos EUA com Cuba e da situação na Venezuela. Rhodes afirmou que o foco de Obama na América Latina “cresceu” no segundo mandato do presidente, “muito além da crise do dia”. Citou como exemplos a reaproximação com Cuba, a participação no processo de paz na Colômbia e um programa financeiro para ajudar a América Central.