A Secretaria de Segurança Pública da Bahia concluiu que os 12 homens mortos em fevereiro deste ano no bairro Cabula, em Salvador, entraram em confronto com policiais da Rondesp (Rondas Especiais da Polícia Militar) e pertenciam a uma quadrilha de traficantes de drogas. Três dos mortos eram adolescentes. O resultado da investigação foi apresentado à imprensa na tarde desta sexta-feira (3) e, segundo a secretaria, é baseado em laudos periciais, reconstituição, depoimentos e provas colhidas durante a apuração.

A conclusão é diferente da tese defendida pelo Ministério Pública da Bahia. Em denúncia oferecida à Justiça em maio, o Ministério Público afirmou que os nove policiais militares envolvidos no caso agiram por vingança e que o crime teve características de “chacina” e “execução sumária”. Duas semanas antes dos assassinatos, uma operação da polícia em busca de traficantes de drogas na região foi malsucedida: ninguém foi preso e o comandante da operação levou um tiro no pé, segundo a promotoria. Isso teria motivado a “emboscada” contra o grupo.

A conclusão da Secretaria de Segurança Pública, no entanto, é que a polícia “usou força proporcional com o objetivo de coibir a ação do bando armado”. O inquérito possui 2.512 páginas em onze volumes e já foi encaminhado à Justiça. De acordo com a investigação, os 12 homens trocaram tiros com os policiais. A informação divulgada pela secretaria é que eles faziam parte de uma quadrilha de traficantes que atua na região onde ocorreu a chacina.

Na noite das mortes, três confrontos teriam ocorrido entre os homens mortos e os policiais. Apesar do suposto confronto, apenas um policial foi ferido com um tiro de raspão na cabeça. O inquérito informa também que com o grupo foram apreendidas 15 armas (uma espingarda, duas pistolas e 12 revólveres), explosivos, fardas falsificadas do Exército, drogas e celulares. “Os laudos comprovam a versão apresentada pelos policiais. Deixam claro que não há qualquer indício de execução, como tiros à curta distância ou relatos de disparos isolados”, disse o secretário da Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa.