A família brasileira está doente. E quando isso acontece os resultados são desastrosos. Prova disso é a violência que estamos vivendo a todo instante e o crescimento da dependência química e do álcool. Pais e mães choram pelo desmantelamento dos lares e não sabem nem por onde começar o próprio resgate. A luta contra as drogas é desleal. As famílias estão perdendo feio para o tráfico. Eu perdi e sofri. Resolvi investir no trabalho voluntário e me engajei na organização não governamental Amor- Exigente. Há 31 anos no país, a ONG tem como objetivo reestruturar as famílias, trabalhando com a prevenção, o momento da crise e a reinserção social. Ali, vi que havia uma luz no fim do túnel.

O Amor-Exigente é focado no comportamento. Prega-se uma proposta comportamental, com qualidade de vida e sem formato religioso. Com sessões semanais de duas horas, aos poucos, fui notando que o doente era eu, muito mais do que meu filho dependente. Com o testemunho de outras famílias, percebemos que não somos os únicos a remar contra a maré das drogas. Há muito mais pessoas, infelizmente. No Brasil, há 600 grupos do Amor-Exigente. Em Curitiba, 15, com atendimento de 300 pessoas por semana.

Agora em julho, haverá o 12º Congresso Nacional e o 4º Internacional do Amor-Exigente aqui na cidade, entre os dias 16 e 19, no Teatro Positivo. É uma oportunidade de discutir o problema das drogas e o envolvimento das famílias nesse processo dolorido e de transformação. Com o tema Amor-Exigente: Uma visão transformadora. Preconceito, não! Só Amor, o encontro vai possibilitar a troca de ideias para o fortalecimento dos lares. Especialistas renomados falarão de legislação, política nacional sobre drogas, o papel da família, da sociedade e do governo na dependência química, as técnicas de abstinência e prevenção a recaídas, neurobiologia da adição, qualidade de vida e desafios.

Um assunto também importante dentro do congresso será a regulamentação do mercado da maconha no Uruguai, com a palestrante internacional Rosa Flora González González. O país foi o primeiro do mundo a criar um mercado com regras para o cultivo, a venda e o uso da cannabis. Que consequência isso terá em longo prazo? A lei uruguaia é clara: não permite fumar em ambientes fechados, transportes públicos, escolas, hospitais. Trabalhadores estarão sujeitos a testes para conferir se estão sob efeito da droga. Resta saber se os uruguaios cumprirão as regras e como serão feitas as fiscalizações.

Levantar o problema das drogas em um congresso como este é acender uma lanterna dentro das próprias famílias. Faz todos pensarem na possibilidade de entrar nessa rua sem saída, que é o mundo de um dependente. Você já imaginou que amanhã poderá ser o seu filho a se envolver com as drogas? Por isso, essa é a hora certa de investir na sua família. Fortaleça seus laços e mostre seu amor e seus limites aos jovens. Amanhã poderá ser tarde demais.

Arnaldo Camilo Bento é presidente do 12º Congresso Nacional e do 4º Congresso Internacional do Amor-Exigente e também presidente da Associação Regional Amor-Exigente de Curitiba (Araec)