DANIEL CASTRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Normalmente associada à falta de planejamento do futebol brasileiro, as trocas de técnicos têm resultado em campanhas melhores para os times da Série A neste ano. Das 11 equipes que optaram pela substituição no comando, nove viram seu aproveitamento crescer com o sucessor.
As mudanças em Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro tiveram os retornos mais expressivos. Os gaúchos demitiram Felipão após dois jogos e apenas um ponto conquistado (17% de aproveitamento). Seu substituto, o ex-lateral esquerdo Roger Machado, ganhou 23 pontos em 12 partidas (64%).
No Palmeiras, Oswaldo de Oliveira saiu da equipe após a sexta rodada, com 33% dos pontos ganhos. Marcelo Oliveira assumiu duas rodadas depois e tem aproveitamento de 79%. Para efeito de comparação, o líder Atlético-MG está com 71%. O treinador do time alviverde já até fala em ser campeão.
Até a quarta rodada, Marcelo Oliveira treinava o Cruzeiro, onde somou apenas um ponto (8%). Vanderlei Luxemburgo assumiu e elevou o aproveitamento para 48%. Antes de treinar o clube mineiro, ele foi demitido do Flamengo, que contratou Cristóvão Borges e também subiu na classificação.
Embora significativos, os números podem contar apenas parte da história. Enquanto o Palmeiras, em terceiro, e o Grêmio, em sexto, estão brigando por vaga na Libertadores e podem disputar o título, o Cruzeiro ocupa a 13º posição, a quatro pontos da zona de rebaixamento.
O Santos, que devolveu Marcelo Fernandes ao cargo de auxiliar técnico para contratar Dorival Júnior, o Vasco, que substituiu Doriva por Celso Roth, e o Coritiba, que trocou Marquinhos Santos por Ney Franco, também viram o aproveitamento subir, mas estão em situação complicada na tabela.
O caso do Joinville é curioso. O desempenho até melhorou a partir da sexta rodada, com Adilson Batista no lugar de Hemerson Maria, mas não foi o suficiente para tirar os catarinenses da lanterna. Como resultado, Batista também foi mandado embora no último fim de semana, após a 15ª rodada.
Os únicos exemplos em que, de acordo com os números, a troca não foi bem sucedida, são os de São Paulo e Goiás. Com 57% de aproveitamento, o colombiano Juan Carlos Osorio está abaixo do seu antecessor Milton Cruz (67%), que voltou à condição de auxiliar.
Já no Goiás, Julinho Camargo perdeu as três partidas em que esteve à frente do clube, fazendo com que o aproveitamento de 37% registrado por Hélio dos Anjos até a oitava rodada não parecesse tão ruim.
MANUTENÇÃO
Apesar dos números positivos dos insatisfeitos, quem aposta no trabalho de longo prazo também está com retrospecto favorável. Entre os times do G-4, dois treinadores estão no comando há mais de um ano: Levir Culpi, no Atlético-MG, e Eduardo Baptista, no Sport.
Tite, que retornou ao Corinthians no fim de 2014, já teve outras duas passagens pelo clube, a segunda de 2010 a 2013. Apenas o Palmeiras, de Marcelo Oliveira, que permaneceu por quase dois anos e meio no Cruzeiro e foi bicampeão brasileiro, foge à regra.
Durante o ano passado, os clubes da Série A fizeram 23 trocas ao longo da competição. Na virada de 2014 para 2015, porém, a tendência se inverteu e 14 equipes da primeira divisão optaram pela manutenção do treinador.