Os brasileiros estão cada vez mais sedentários e se alimentam mal. O resultado é o aumento do risco das chamadas doenças cardiovasculares: infarto, acidente vascular cerebral (AVC), e também arritmias cardíacas, isquemias ou anginas, responsáveis por 29,4% de todas as mortes registradas no País em um ano, segundo um dos últimos estudos do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, de São Paulo, realizado em 51 cidades brasileiras.

Falta de tempo por causa do estudo, família e trabalho. Problemas de saúde, preguiça e falta de resultados. Esses são os principais motivos apresentados pela maioria dos brasileiros para abandonar a atividade física, de acordo com o Diagnóstico Nacional do Esporte (Diesporte), levantamento recente divulgado pelo Ministério da Saúde. Os números apontaram que 46% são sedentários e entre os que já iniciaram uma atividade esportiva, 72% desistiram antes dos 24 anos. Dos entrevistados, apenas 32,1% se exercitam regularmente. E, para completar, 36% dos que não praticam exercícios têm noção dos riscos, mas não demonstram esforço para mudar.

Contribuindo ainda mais com os fatores de risco das doenças cardiovasculares, além do sedentarismo, a dieta do brasileiro está longe do ideal. Somente 37,3% dos brasileiros consomem o volume recomendado de hortaliças e frutas (cinco porções diárias). Quase o mesmo percentual de pessoas que consomem frango ou carne com excesso de gordura (37,2%), o que pode levar a doenças como a diabetes, a obesidade e pode causar distúrbios no cérebro. Estes são números comprovados pela Pesquisa Nacional de Saúde (2013), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Uma dieta desregrada aliada ao baixo gasto de energia pode desencadear no aumento de peso e obesidade. Conforme mostra pesquisa do Ministério da Saúde, Vigitel 2014, o índice de obesidade está estável no país, porém o número de brasileiros acima do peso é cada vez maior. O estudo alerta que o excesso de peso já atinge 52,5% da população adulta. Essa taxa, nove anos atrás, era de 43% – o que representa um crescimento de 23% no período. Também preocupa a proporção de pessoas com mais de 18 anos com obesidade, 17,9%. Os quilos a mais na balança são também fatores de risco para doenças crônicas, como as do coração, hipertensão e diabetes, que respondem por 72% dos óbitos no Brasil.

Riscos de doença cardiovascular nas gerações

Obesidade e sedentarismo são dois fatores de risco importantes para o aumento de doenças cardiovasculares, sobretudo infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral (AVC). Porém, existem outros relacionados aos hábitos da população: fumo, colesterol e triglicérides alterados, diabetes, pressão alta e estresse. Além disso, há fatores relacionados à idade, sexo e histórico de doença cardíaca na família. “Ligados ao modo de vida, o tabagismo, excesso de álcool, drogas, sedentarismo, estresse e obesidade podem ser prevenidos. Devemos alterá-los para conquistar uma vida saudável. Em casos mais delicados, somente a adesão de novos hábitos não é o bastante, e recomenda-se o uso de terapias preventivas para evitar alguns males eminentes ao coração”, alerta o Dr. Carlos Scherr, mestre e doutor em cardiologia e especialista na área pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Chave para uma vida com menor risco de doenças cardiovasculares, os hábitos variam de acordo com a cultura e com o tempo histórico. Ou seja, pessoas de um determinado País têm estilos de vida que protegem mais ou menos contra as doenças do coração. Além disso, os comportamentos variam a cada geração, com características próprias que mudam a cada 20 ou 10 anos.

A geração conhecida como baby boomers (1945 – 1960), se preocupa com a saúde e aparência pessoal. São pessoas que tentam manter uma alimentação saudável e preservar o meio-ambiente. A geração X (1960 – 1980), que nasceu na era da descoberta da AIDS, possui uma preocupação maior com doenças sexualmente transmissíveis. Já a geração Y ou Millennials, dos nascidos nos anos 1980 a 2000, presenciou os avanços na tecnologia e se acostumou a fazer várias atividades ao mesmo tempo. São as pessoas que têm acesso ao conhecimento sobre saúde, porém acabam colocando a boa alimentação e a prática de atividades físicas em segundo plano. A geração Z (a partir dos anos 2000) é considerada mais individualista e antissocial, por levar a vida extremamente conectada à internet. Entre os hábitos alimentares destaca-se o alto consumo de refrigerantes, sucos industrializados, doces e comidas prontas.

Dos baby boomers à geração X, nota-se uma piora relacionada aos hábitos alimentares e à prática de atividade física, com reflexos diretos nos fatores que aumentam os riscos de doenças cardiovasculares. Segundo o Dr. Scherr, a população, de modo geral, está se acostumando com a falta de tempo e com a facilidade para realizar algumas atividades do dia a dia que antes requeriam maior esforço. “Hoje, parece normal o consumo demasiado de comidas rápidas com alta concentração de sódio, açúcares, conservantes e doces – a maioria dos alimentos com baixo valor nutricional e que podem causar aumento da pressão arterial. Outro problema sério é o sedentarismo cada vez mais frequente na população. Ir ao banco ou até mesmo passear com o cachorro eram oportunidades para se movimentar, porém não o suficiente. A atividade física deve ser regular, por pelo menos 150 minutos por semana, e pode constituir-se só de caminhadas ou pedaladas, ou qualquer outro tipo de atividade que agrade a pessoa.”

Se não houver uma mudança considerável dessa tendência, em breve a mortalidade pelas doenças do coração aumentará e os estudos já mostram isso. De acordo com pesquisa da Escola de Economia de Londres, da Universidade do Estado de Nova York e do Instituto Karolinska da Suécia, até 2025 a quantidade de hipertensos nos países em desenvolvimento deverá crescer 80% e, no Brasil, pode haver um aumento de 150% na mortalidade causada por infarto cardíaco ou acidente vascular cerebral.

Círculo vicioso dos maus hábitos

Fumar aumenta em 30% o risco de ter um ataque cardíaco;

O sedentário tem chance 40% maior de ter doença cardíaca;

A hipertensão arterial age silenciosamente, prejudicando rins, vasos sanguíneos e coração, e aumentando o risco de infarto e acidente vascular cerebral;

O excesso de colesterol ruim (LDL) que não foi eliminado pelo fígado será depositado na parede das artérias, formando placas de gorduras que podem “entupi-las”, dificultando a passagem do sangue. Ter colesterol alto e não controlado tende a encurtar a vida. Já o colesterol bom (HDL) deve ser elevado para reduzir o risco de doença cardiovascular;

No indivíduo com diabetes, o pâncreas produz menos insulina, e a quantidade de insulina produzida é insuficiente para transformar todo o açúcar do organismo em energia. Sendo assim, “sobra” açúcar no sangue, e esse excesso de açúcar favorecerá o acúmulo de gorduras na parede arterial.

O estresse em geral se associa a outros fatores de risco e pode ser muito perigoso. O estresse agudo (de começo rápido) e crônico (de longa duração) provoca excesso de atividade do sistema nervoso e pode elevar a pressão arterial, níveis elevados de colesterol, estimular o vício de fumar e provocar excessos alimentares.

Como reduzir o risco de doenças cardiovasculares?

Para diminuir o risco, dois tipos de prevenção devem se complementar: mudança de hábitos é o primeiro passo; o segundo é o uso de medicação preventiva de acidentes cardiovasculares, em casos de pacientes que já tenham sofrido algum problema cardiovascular. Na parte dos hábitos, a alimentação diária deve ser saudável e equilibrada, rica em frutas, verduras e legumes. Apenas isso já diminui em 30% as chances de infarto. A prática de exercícios físicos deve ser regular, o que reduz em 14% os riscos de um ataque cardíaco. Por fim, o fumo deve ser evitado, pois além de o cigarro conter cerca de 4.720 substâncias químicas, ao menos 60 delas reconhecidamente cancerígenas, irritantes e tóxicas para os pulmões, aumenta em 200% o risco de ter um AVC. Caso algum distúrbio metabólico (hipertensão arterial, diabetes, colesterol e triglicérides altos) já tenha surgido, é preciso tratá-los adequadamente.

Dentre os tratamentos disponíveis na prevenção de males cardíacos, está a ASPIRINA® Prevent (ácido acetilsalicílico) que age na diminuição do agrupamento das plaquetas, principalmente no caso de angina do peito instável, ou seja, dor no peito causada pela má circulação do sangue, no infarto agudo do miocárdio, para redução do risco de um novo quadro em doentes que já sofreram do mal, após cirurgias ou outras intervenções nas artérias e para evitar a ocorrência de distúrbios transitórios da circulação cerebral.

O medicamento é eficiente por diminuir a agregação das plaquetas, elemento do sangue que, ao se agrupar, forma coágulos que obstruem as artérias e causam infarto e AVC. O medicamento refina o sangue e aumenta o tamanho de veias, artérias e vasos capilares. A Food and Drug Administration (FDA), agência que regula as drogas comercializadas nos Estados Unidos, recomenda que o infartado tome um comprimido de ácido acetilsalicílico até 24 horas depois da pane cardíaca. Pesquisas revelam que, aí, o risco de morte cai 23% dentro desse período. O comprimido possui um revestimento especial resistente a ácido que garante que o ácido acetilsalicílico não seja liberado no estômago, somente no intestino. De uso contínuo, o medicamento pode ser utilizado por longo prazo, com avaliação médica.