O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou ontem que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, permanece no cargo. As declarações foram dadas como forma de rebater as especulações de que Levy estaria para deixar o governo por descontentamento pela falta de apoio interno para as medidas de ajuste fiscal e corte de gastos. Os rumores sobre possível troca na Fazenda aumentaram, depois que o ministro cancelou viagem ao exterior, ontem à tarde, para se reunir com a presidente Dilma Rousseff.
Dilma se reuniu ontem com Levy e com os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, no Palácio do Planalto. A intenção foi a de afinar o discurso da equipe, após o titular da Fazenda expressar mal estar com sua fritura no próprio governo.
As desavenças foram escancaradas com mais ênfase depois que o governo apresentou a proposta de Orçamento de 2016 com um rombo de R$ 30,5 bilhões. Levy defendia uma redução maior de gastos, da ordem de R$ 15 bilhões, para evitar a exposição do déficit.
Barbosa e Mercadante, por sua vez, pregavam a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), por um prazo de no máximo dois anos, como alternativa de arrecadação, mas políticos e empresários rechaçaram a proposta.
Levy fica. A reunião foi muito boa, afirmou Mercadante. O ministro da Casa Civil participou d reunião para dar unidade interna em torno do chefe da equipe econômica para evitar que ele deixe o cargo por falta de apoio. Levy está na equipe, ajuda muito e vai continuar ajudando”, afirmou. “Num momento de instabilidade, tem aliança entre os mal informados e os mal intencionados”, completou, indicando que muitas pessoas querem especular no atual momento. “Estamos juntos e quem apostar no contrário, vai perder”.
Depois de conversa com o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, na quarta-feira, em Brasília, a presidente deu uma orientação interna à sua equipe mais próxima para deixar claro que seu governo vai perseguir a meta de superavit de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano.
Na segunda-feira, o governo enviou ao Congresso uma proposta de Orçamento para 2016 com previsão de deficit primário de 0,5% do PIB. Ontem, Dilma tratou do tema com assessores mais próximos e reforçou a orientação de que, em entrevistas, eles destaquem que o governo vai estudar medidas para buscar cumprir a meta fiscal de 0,7% em 2016.
Levy cancelou a viagem que faria para a Turquia, onde participaria da reunião de ministros de finanças e presidentes de banco centrais do G20. Na quarta, o ministro procurou a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, para reclamar de isolamento e falta de apoio no governo, pondo em dúvida sua permanência no cargo se a situação não mudar.
Depois de falar com o ministro por telefone e ouvir que ele sentia perda de apoio para sua política de ajuste fiscal, a presidente fez uma defesa pública de Levy, dizendo que ele não está desgastado nem isolado no governo. Isolado de mim ele não está, disse Dilma, após cerimônia no Palácio do Planalto.