FABRÍCIO LOBEL
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma das principais agências mundiais de classificação de créditos, a Moody’s divulgou nesta quinta-feira (3) que a Sabesp, empresa paulista de saneamento, é ineficiente no combate à crise de água.
Segundo a agência, a empresa tem ineficiências no “planejamento de infraestrutura”, nos “esforços de conservação” e na “autoridade para definir aumentos de tarifa”.
Na última sexta-feira, a agência havia rebaixado as notas de crédito da Sabesp, que tem ações negociadas nas bolsas de Nova York e São Paulo.
O novo relatório da Moody’s faz uma comparação entre a Sabesp e a LADWP (empresa de águas de Los Angeles, cidade americana que há dois anos vive sob uma forte estiagem).
“As disparidades na estrutura organizacional e abastecimento de água entre o Departamento de Água e Energia de Los Angeles e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo são amplamente responsáveis pela diferença nos ratings [notas de crédito] das duas companhias e crescente probabilidade de que a companhia paulista precisará persistir por mais tempo nos esforços de conservação”, diz a nota.
Segundo a Moody’s, diferente da Sabesp, a empresa de saneamento de Los Angeles focou em diminuir o volume de água perdido em suas tubulações. Para a Moody’s, o plano da Sabesp para realizar o mesmo objetivo será afetado por sua atual crise financeira. E enquanto o plano de redução de perdas nos canos não avançar, a Sabesp continuará perdendo seu principal ativo: água tratada.
A Sabesp estima que 19% de toda a água que ela trata é perdida em inúmeras falhas nas tubulações da Grande São Paulo.
A agência faz ressalvas à situação dos dois países, já que a Sabesp enfrenta uma realidade de captar água em mananciais ocupados irregularmente ocupado por parte da população. Outra ressalva é o fato de que, diferente do Brasil, a empresa americana tem poder muito maior na hora de determinar a tarifa de água. No Brasil, as empresas de água não têm o poder de definir suas tarifas, já que elas são reguladas por agências.
“Os esforços da companhia [em aumentar a tarifa] têm sido mais inconsistentes e possivelmente estão sujeitos a considerações políticas”, avalia Michael Wertz, vice-presidente assistente da Moody’s e coautor do relatório.
DESERTO FINANCEIRO
A crise hídrica causou uma enorme crise financeira na Sabesp, já que a empresa, passou a distribuir menos água para a Grande São Paulo e, com isso, passou a faturar um volume 10% menor.
A crise também fez com que a empresa tivesse que adotar novas medidas de captação de água e melhorar sua capacidade de tratamento de água. Para isso, a empresa teve gastos não programados. Além disso, grande parte do custo operacional da Sabesp está vinculado ao custo da energia, que aumentou no país nos últimos meses.