SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente da Guatemala Otto Pérez Molina participa nesta sexta-feira (4) da segunda audiência na Justiça sobre as acusações de comandar um esquema de fraude alfandegária que o levou a renunciar.
Pérez Molina deixou o cargo na quarta (2), um dia após perder sua imunidade, o que abriu as portas para um processo de impeachment. Ele está desde quinta (3) em prisão preventiva no quartel militar perto da capital do país.
A audiência começou com a transmissão das escutas telefônicas que vinculam o presidente ao caso La Línea (A Linha, em espanhol). Também mostraram atas e tabelas obtidas pela Promotoria mostrando que ele receberia propina.
Pelo esquema, empresários pagavam propina aos membros do governo para sonegarem impostos de importação. Além do presidente e de sua vice, Roxana Baldetti, 26 pessoas foram presas e outras 45 são investigadas.
Após a renúncia de Pérez Molina, assumiu o vice colocado após a renúncia de Baldetti, Alejandro Maldonado. Ele será o responsável por conduzir o país até 14 de janeiro, quando tomará posse o presidente eleito no próximo domingo (6).
PRESSÃO
Nesta sexta, a agência Reuters informou que os Estados Unidos pressionaram Pérez Molina a retirar de seu governo os funcionários corruptos e renovar o mandato da Comissão Internacional contra a Impunidade, vinculada à ONU.
Segundo membros do governo americano ouvidos pela agência, os pedidos foram feitos em reuniões periódicas entre o integrantes da administração guatemalteca e o corpo diplomático americano no país.
Dentre as pressões citadas pelos funcionários, está a do embaixador americano na Guatemala, Todd Robinson, pela renúncia de Roxanna Baldetti, confirmada em maio, e de outros três ministros.
A intenção, afirma a Reuters, era verificar as condições para a chegada dos recursos concedidos pelos Estados Unidos em resposta ao aumento do fluxo de imigrantes vindos do país e de outros vizinhos centro-americanos.
A chamada Aliança para a Prosperidade previa que os EUA dessem uma ajuda de US$ 20 bilhões no total a Guatemala, Honduras e El Salvador. O envio de verbas foi anunciado em 2014, em reunião com Obama e os três presidentes.
O dinheiro seria liberado com o intuito de estabilizar os países e combater o crescimento das maras, quadrilhas de ex-emigrantes que têm laços com o narcotráfico e são responsáveis pelas altas taxas de homicídio nestes países.