A Executiva Estadual do PMDB do Paraná decidiu, por oito votos a três, antecipar do próximo dia 31 para o dia 24, a convenção que vai eleger o novo comando do partido no Estado. A disputa deve opor o grupo do senador Roberto Requião à ala da legenda que integra a base de apoio do governador Beto Richa (PSDB). O deputado federal João Arruda – sobrinho do governador – abriu mão da candidatura em favor do tio. Os governistas lançaram a candidatura do deputado federal Sérgio Souza na tentativa de tomar o controle da sigla visando as eleições de 2016 e 2018.

A antecipação da data da convenção prejudica o grupo dissidente do PMDB que apoia o governo Richa. Isso porque o grupo terá cerca de dez dias para formar uma chapa com 240 filiados para concorrer ao Diretório Estadual, já que o prazo para a inscrição das chapas se encerra no próximo dia 16.

Souza é aliado do ex-governador Orlando Pessuti, que na semana passada foi expulso do PMDB pela Comissão de Ética do partido, acusado de desrespeitar resolução que proíbe filiados de ocupar cargos no governo Richa. Pessuti ocupa atualmente um cargo de diretor do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) nomeado pelo governador.

A chapa requianista já está praticamente montada. Segundo o líder do PMDB na Assembleia Legislativa, deputado Nereu Moura, a eleição de Requião garantirá ao PMDB um perfil de oposição. A grande maioria do PMDB não quer o partido atrelado ao Beto Richa, avalia. O PMDB só vai sobreviver se opondo a esse governo, considera ele.

Souza afirma que o PMDB não pode ter dono, e que a tentativa de expulsão de Pessuti seria uma perseguição. O fato de membros do PMDB estarem no governo Richa não significa desrespeito à convenção estadual, argumenta o parlamentar.

A briga entre os dois grupos vêm desde a eleição de 2014. Na época, Pessuti e boa parte da bancada peemedebista na Assembleia Legislativa defendia o apoio do PMDB à reeleição de Richa. A convenção, porém, optou pela candidatura de Requião ao governo. Ainda durante a campanha, o senador determinou a dissolução da Executiva Estadual, presidida pelo deputado federal Osmar Serraglio, e que tinha Pessuti como secretário-geral, substituindo-a por uma comissão comandada pelo ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures.

No meio da briga, Pessuti chegou a gravar participação no programa eleitoral de rádio e televisão de Richa, pedindo aos eleitores que não votassem em Requião. Por conta disso, a Comissão de Ética do PMDB abriu um processo para expulsá-lo do partido, mas o ex-governador conseguiu suspendê-lo na Justiça.

Eleições 2016

Atualmente, Requião trabalha para lançar o filho – deputado estadual Maurício Requião Filho – como candidato a prefeito de Curitiba nas eleições do ano que vem. O problema é que o Diretório Municipal do PMDB da Capital é controlado pelo grupo aliado de Richa, tendo o ex-deputado estadual Reinhold Stephanes Júnior como presidente. O plano do grupo requianista é conquistar o comando da Executiva Estadual para dissolver o Diretório Municipal e assumir o controle do partido nas eleições de 2016.