A autorização do governo federal para a liberação de aproximadamente 44 mil vistos permanentes a imigrantes haitianos que vivem no Brasil provocou uma grande procura por atendimento na Assessoria de Direitos Humanos e da Igualdade Racial da Prefeitura de Curitiba. Desde a semana passada, dias após a liberação federal, técnicos da Assessoria chegam a realizar até 50 atendimentos em um único dia. Em alguns casos, a espera pelo visto permanente já passa de dois anos.

Ao entrar no País com o objetivo de fixar residência, todo imigrante recebe visto de entrada provisório e faz a solicitação para o visto permanente. Como muitos ainda não falam o Português fluente, o principal receio é o de entregar a documentação exigida errada e perder o prazo para a regularização. Há vários formulários a serem preenchidos e entregues e que devem estar corretos, sob o risco de perderem o prazo, explica o coordenador da Assessoria de Direitos Humanos da Prefeitura, Igo Martini.

Para atender a demanda, está sendo realizada uma força-tarefa com o apoio das secretarias municipais de Governo, de Educação e da Fundação de Ação Social (FAS), que estão cedendo funcionários para os atendimentos. Como órgão responsável pela política de direitos humanos, cabe à Assessoria orientar e assessorar essas pessoas para que não percam o prazo pela entrega de documentação incorreta, disse Martini. O prazo para a regularização é de um ano.

A medida foi assinada pelo ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, no último dia 11, em um ato conjunto de reconhecimento, autorização e concessão de permanência a imigrantes de cidadania haitiana no Brasil. A concessão de permanência foi autorizada para 43.781 imigrantes haitianos, que entraram no Brasil pela fronteira terrestre com o Acre, a partir de 2010, e que não se enquadram na condição de refugiados.

Espera

Essa é a situação do haitiano de 34 anos Edrice Saintil. Ele chegou em Curitiba no dia 5 de dezembro do ano passado e há quase um ano aguarda o visto permanente. Minha expectativa é encontrar um bom trabalho, trazer minha família e ficar sossegado por aqui, afirma. O haitiano é formado em Hotelaria e Turismo e sonha trazer para o Brasil a mulher e o filho de 3 anos que deixou no Haiti. Até chegar em Curitiba ele conta que percorreu um longo trajeto. Saintil partiu do Haiti, seguiu para Santo Domingo (capital da República Dominicana), foi para o Panamá, passou pelo Equador e pelo Peru, até entrar no Brasil e chegar no município de Rio Branco (AC).

Vim para Curitiba porque já tenho uma prima aqui. Ela veio entre 2011 e 2012. Ele explica que procurou a Assessoria por orientação de pessoas de um núcleo de atendimento a imigrantes de Pinhais, além da informação que vai sendo repassada de haitiano para haitiano. Um vai falando a outro que na Assessoria encontram atendimento, disse. O mesmo caminho fez a cabeleireira Marjorie Philistin, de 24 anos. Ela está em Curitiba há 1 ano e 7 meses e veio para cá porque tem a irmã que já está na cidade há 2 anos. Como ele (Saintil) vim em busca de trabalho”. Marjorie está grávida de nove meses e em breve terá um bebê curitibano.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (41) 3221-9955.