VENCESLAU BORLINA FILHO
CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) – Campinas, no interior paulista, começou a usar ônibus elétricos movidos 100% a bateria no seu sistema de transporte coletivo. A novidade, porém, dividiu as opiniões entre os usuários do serviço.
A cidade terá dez veículos assim. Dentro do ônibus, as baterias não podem ser vistas, mas ocupam parte do espaço que poderia ser usado por passageiros, na entrada e nos fundos. São elas que fornecem força para o sistema de tração. Não há motor.
O primeiro ônibus começou a rodar no início do mês, e o segundo deve entrar em operação em dezembro.
O coletivo circula das 6h às 20h, sem recarga, e faz seis viagens de ida e volta na linha que liga a periferia à região central. A autonomia total é de 250 quilômetros.
No dia em que a reportagem circulou com o veículo, de fabricação chinesa, cinco dos dez passageiros aprovaram o ônibus. O restante apontou problemas.
Todos, porém, foram unânimes em elogiar o silêncio e o conforto, pouco comum nos ônibus tradicionais, e o benefício ao ambiente, em razão da emissão zero de poluentes na atmosfera.
Entre as reclamações, disseram que o veículo é mais lento do que os convencionais, movidos a biodiesel. Também citaram o espaço menor, por causa das baterias, e a pouca ventilação, devido a janelas menores.
‘Achei mais lento, principalmente no sentido bairro. Não sei se é porque tem mais gente. E a ventilação também é ruim. Aqui dentro está muito quente‘, disse Alana Cristina do Nascimento, 32.
Já para o aposentado João Francisco de Almeida, 72, o tamanho do ônibus é a maior preocupação. ‘É confortável, silencioso, só que na hora do rush não carrega muita gente, né?‘, disse.
RECARGA
A capacidade é de 20 pessoas sentadas e 70 em pé. No ônibus padrão, são 32 pessoas sentadas e 90 em pé. Os ventiladores instalados no teto são insuficientes.
O gerente administrativo da Itajaí Transportes, Uilson Moraes, confirma que a potência do ônibus elétrico é menor que a dos convencionais, mas diz que a velocidade desempenhada é compatível com as vias da cidade.
‘Nosso principal objetivo é com o fato do ônibus ser ecologicamente correto, silencioso e mais confortável. Estamos caminhando para o futuro. Mas é lógico que o usuário quer mais‘, disse ele.
Hoje, as baterias são recarregadas pela energia de um gerador a diesel. A empresa negocia o fornecimento de energia para recarga com a concessionária local.
Para o motorista, o conforto é grande. O veículo é automático, não exige a troca de marchas. O painel é eletrônico e câmeras ajudam a enxergar o movimento de saída dos passageiros pelas portas traseiras. O contrato de locação, feito com a fabricante chinesa BYD, é por cinco anos. O valor não foi divulgado.