BRUNA FANTTI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Ao canto de “olê, olê, olá, se o Pezão não nos pagar a Uerj vai parar” cerca de 100 pessoas fecharam, no inicio da tarde desta terça-feira (1°), duas das três pistas da rua São Francisco Xavier, onde fica o campus da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), em Vila Isabel (zona norte).
A universidade foi ocupada por estudantes na noite desta segunda (30). A ocupação, assim como o protesto, atacam os cortes feitos pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o consequente atraso dos pagamentos de bolsistas, residentes e de funcionários terceirizados.
Cerca de 300 estudantes que participam da ocupação impediam a entrada da imprensa, assim como de professores e de outras pessoas, na universidade nesta terça (1º). O grupo passou a noite desta segunda (30) acampado em barracas dentro do pavilhão reitor João Lyra Filho. Após a ocupação, a reitoria cortou a água, luz e o funcionamento dos elevadores. No site oficial da universidade, uma mensagem assinada pelo reitor, Ricardo Vieiralves, afirma que “a manifestação pacífica dos estudantes é legítima e motivada”.
Alguns professores ajudam a ocupação entregando mantimentos e filmes para os estudantes assistirem. A diretora de políticas institucionais do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Uerj, Natália Trindade, 24, disse que uma assembleia está marcada para a tarde desta terça (1º). “Vamos discutir as diretrizes da ocupação. Queremos novas formas de avaliação para alunos prejudicados pela falta de pagamento, como os cotistas”, disse.
Os cotistas são alunos que recebem uma bolsa de R$ 400 para amparo educacional. É o caso de Janaína Santana, 28, estudante do 8º período do curso de História.
“Moro em Guadalupe, na zona norte, e dependo de dois ônibus para chegar na universidade. Além disso, com esse dinheiro me alimento no bandejão e pago xerox. Com o atraso no pagamento, estou pagando tudo com cartão de crédito e pedi dinheiro emprestado. Daqui a pouco vou ter que faltar às aulas. Queremos métodos de avaliação diferentes, pois não é justo ser reprovado por falta”, afirmou.
Além do campus em Vila Isabel, outra unidade, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, também foi ocupada pelo mesmo motivo. Segundo o governo, a falta do repasse de verbas à universidade deve-se à crise financeira do Estado. Para o orçamento de 2016, o governo anunciou em outubro que prevê a redução de 22% no custeio (de R$ 394,2 milhões para R$ 306,1 milhões) e de 4% no investimento (R$ 37,1 milhões para R$ 35,4 milhões).
As atividades da Uerj estão paralisadas desde 24 de novembro, quando a reitoria suspendeu as aulas durante uma semana, em razão do estado precário de conservação das instalações. Na ocasião, o reitor afirmou, por meio de nota, que a ausência de funcionários terceirizados de limpeza deixou a universidade em “condições insalubres”.