O comediante Rafinha Bastos publicou nesta tarde uma carta sobre o CQC, programa que fez parte até 2011. Nela, ao estilo de Michel Temer, Rafinha usa palavras em latim , fala sobre desconfiança e cita pontos para explicar seu ponto de vista, assim como o vice-presidente fez com Dilma Rousseff.

No texto ele cita os motivos de sua saída e ainda fala sobre as dificuldades cotidianas do seu colega de elenco Marco Luque, entre elas amarrar os sapatos e pronunciar corretamente as palavras. O comediante também brinca dizendo que postou nas suas redes sociais pois não sabe se os Correios ainda aceitam cartas.

No final Rafinha comenta sobre o convite que foi feito a ele para retornar ao CQC, que foi aceito, mas segundo ele a emissora mudou de ideia na última hora.

Confira na íntegra a carta publicada por Rafinha Bastos.

São Paulo 9 de dezembro de 2015

 

Senhor CQC,

Ad finalis progamis est

Esta carta é pessoal. Só estou colocando no meu twitter, Facebook, Google+, Snapchat, Orkut e LinkedIn porque tenho preguiça de ir ao correio. Para falar a verdade nem sei se ainda aceitam cartas por lá.

Minha lealdade institucional é pautada pelo artigo 32 do código civil da brodagem.

Tenho muito orgulho da minha história, mas sempre senti a desconfiança do CQC para comigo.

 

Vamos aos fatos. Exemplifico alguns deles.

1- Estive do seu lado durante 4 anos e meio e sempre me senti como mera figura decorativa. Ficava do lado direito da bancada, um lado nitidamente inferior. Veja o passado recente do Brasil. O lado direito sempre foi marginalizado. Que grandes pontas-direita tivemos em nosso futebol? O maior nome foi o Cafu que nem ponta era.

2- Sempre quis ter uma atuação mais presente, mas você só precisou de mim para as piadas que os outros não tinham coragem de fazer. Quando a chapa esquentou para o seu lado, você olhou para mim e bradou aos quatro ventos: “Nem conheço este psicopata!”.

3- Quando o programa teve problemas políticos com Ronaldo e sua bancada, eu me dispus a usar a minha habilidade humorística para caçoar da situação. Vocês pediram que eu ficasse quieto e não me metesse no assunto (eu fiz piada mesmo assim, mas isso não vem ao caso).

4- Eu me ofereci inúmeras vezes para ajudar o colega Marco Luque com suas dificuldades cotidianas que incluíam amarrar os sapatos, dicção de vocábulos simples e desafios básicos de coordenação motora. Você simplesmente me ignorou.

5- Ano passado, fui chamado pra reintegrar o programa. Levemente contrariado, aceitei o convite, afinal, senti o desespero nos olhos da emissora (a situação parecia desesperadora). Você mudou de idéia na última hora e eu fiquei com aquela cara de imbecil sozinho no altar num filme B da Sessão da Tarde (no fim confesso que dei graças a Deus).

 

Finalmente o programa caiu.

Passados estes momentos críticos, tenho certeza de que a Band terá tranquilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais.

Finalmente, sei que o senhor não tem confiança em mim e no PMDB, digo, no humor, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção.

Respeitosamente,

R BASTOS