THIAGO AMÂNCIO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Envoltos em cobertores, vestindo casacos pesados e usando gorros para enfrentar a frente fria que chegou à capital paulista nessa semana, estudantes de escolas públicas continuam ocupando o CSP (Centro Paula Souza), órgão vinculado ao governo de São Paulo responsável por administrar escolas técnicas e faculdades de tecnologia no Estado.
O principal alvo dos protestos é o governador Geraldo Alckmin (PSDB), chamado pelos alunos de “fascista” e “ladrão de merenda”. Deflagrada em janeiro, a operação Alba Branca investiga suposto esquema de fraude em contratos para fornecimento de merenda às escolas da rede estadual.
Segundo a administração do CSP, há cerca de 150 estudantes no interior do edifício, que funciona apenas como centro administrativo. A maior parte dos alunos é de escolas técnicas do Estado, segundo os estudantes.
Eles reivindicam também a construção de restaurantes estudantis e a concessão de vale refeição para os estudantes.
“Todas as escolas estaduais e técnicas sofrem muito com a falta de merenda”, diz Nana Marinho, 15, aluna da Etesp, que chegou à ocupação nesta manhã. “E as escolas técnicas tiveram cortes grandes no orçamento, o que prejudica muito a qualidade do ensino”, afirma.
“Nossa merenda está sendo roubada. Queremos CPI e punição”, diz Lizandra Lima, 16, enquanto ajuda no controle de entrada do prédio.
DISPENSADOS
Pela manhã, funcionários tentaram entrar no prédio, mas os estudantes não permitiram. Cerca de 200 trabalhadores foram dispensados nesta manhã, segundo a administração. Há seguranças no interior do edifício. A diretora do CSP, Laura Laganá, chegou a ir ao local, mas não entrou. Os estudantes querem que Laganá apresente as propostas de negociação por escrito.
O quarteirão onde fica a sede do CSP, no centro de São Paulo, foi fechado pela CET. Não há Polícia Militar no local.
Os estudantes seguem o modus operandi das ocupações de escolas estaduais do ano passado, com jograis para passar informações, grupos de tambores e paródias de funk. Segundo os alunos, eles receberam doações de alimentos de famílias e estudantes de outras escolas.