THAIS ARBEX SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um representante da segurança da Presidência da República pediu desculpas à associação de moradores do bairro Alto de Pinheiros, na zona oeste de SP, sobre a falta de informações em relação ao bloqueio da região onde mora o presidente interino, Michel Temer, neste domingo (22). Contrariando a informação da assessoria do governo, a presidente da associação, Maria Helena do Amaral Osório Bueno, afirmou à reportagem nesta segunda (23) que não foi avisada das barreiras montadas em razão de um protesto contra a gestão do peemedebista. A manifestação foi organizada pela Frente Povo Sem Medo, que reúne movimentos de esquerda. O grupo de cerca de 5.000, segundo estimativa de policiais no local, planejava chegar até a casa de Temer, mas teve de parar no quarteirão anterior. Maria Helena disse respeitar as manifestações, mas classificou o ato de domingo de “lamentável”. “As manifestações acontecem com boas intenções e pacificamente, mas ontem foi lamentável. Picharam várias casas, deixaram um lixo colossal por toda a região”, disse. Segundo ela, os bloqueios afetaram a vida dos moradores da região. “Teve gente que não conseguia nem entrar nem sair de casa.” ENGANO A assessoria de imprensa de Temer havia informado que enviou um comunicado via e-mail. Na mensagem, a segurança da Presidência da República lamentava o transtorno. “Temos notícia de movimento que pretendia ocupar a praça [Conde de Barcelos], gerando maiores transtornos. É medida episódica e transitória”, dizia o texto. O e-mail, no entanto, foi enviado para um endereço eletrônico que nada tem a ver com a associação de moradores. O representante da segurança da Presidência entrou em contato com Maria Helena para pedir desculpas pelo desencontro de informações e afirmar que, de agora em diante, sempre que houver bloqueios nas ruas, a associação de moradores será avisada. PICHAÇÕES A arquiteta Miriam Aragão, 55, que mora na rua Capepuxis, paralela à de Temer, teve o muro de sua casa pichado com “Fora, Temer”, “Povo Sem Medo” e “Aqui é Periferia”. Ele e o marido haviam saído de casa pouco antes do almoço. Quando voltaram, no fim da tarde, encontraram o muro tomado pelas pichações. “Quando vi minha casa toda pichada, vi um monte de gente sentada aqui na porta rindo da cara da gente, senti o quanto é humilhante isso. Eles têm todo o direito de se manifestar, mas e o meu direito de cidadã?”, disse ela à reportagem, na tarde desta segunda. NOVOS PROTESTOS Estava programado para o início da noite desta segunda-feira (23) um novo protesto em frente à casa do presidente interino Michel Temer. O evento, divulgado pelo Facebook, foi chamado de “Serenata dos vizinhos contra o golpe!”. De acordo com a descrição, a organização do ato é de um grupo de moradores de Alto de Pinheiros, “com a ideia de mostrar que no bairro também tem gente contra Temer e contra o golpe”. Ainda segundo o texto da rede social, a ideia inicial era fazer uma serenata na porta da casa de Temer, mas depois dos protestos deste domingo o ato também foi chamado para mostrar “total apoio aos movimentos sociais que foram expulsos de forma violenta” pela PM. Embora estivesse programado para às 19h, não havia nenhuma movimentação na região no início da noite. A segurança, no entanto, foi reforçada. Cerca de dez viaturas da polícia e mais de 20 agentes estão na rua da casa do presidente interino.