GUSTAVO URIBE E MARINA DIAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na mesma noite da divulgação de áudio em que criticava a Operação Lava Jato, o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, reuniu-se no domingo (29) com o presidente interino, Michel Temer. Na reunião, no Palácio do Jaburu, os dois discutiram a situação e uma estratégia de reação à gravação em que ele orientava investigados enquanto era conselheiro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), órgão que fiscaliza o Poder Judiciário. Servidor do Senado, Fabiano foi indicado para o CNJ pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

O governo está receoso em tomar qualquer atitude que possa prejudicar os interesses do Planalto no Congresso, como a votação final do processo de impeachment. O diagnóstico feito no encontro entre Silveira e Temer é de que era necessário esperar a repercussão do caso antes de tomar uma decisão sobre a permanência ou saída do ministro. O Planalto, no entanto, avaliou com preocupação o protesto feito na porta do ministério, na manhã desta segunda-feira (30), de funcionários públicos que pedem a saída do ministro. Nas palavras de um aliado do peemedebista, sem respaldo dos servidores da pasta, “dificilmente o ministro conseguirá se manter no cargo”.

Diante do agravamento do quadro, Temer e Silveira devem se reunir novamente nesta segunda-feira (30). Silveira foi gravado pelo ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado que se tornou delator da operação. Os áudios foram exibidos pelo programa Fantástico, da TV Globo. No áudio, após Machado criticar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Silveira disse: “Eles estão perdidos nessa questão [da Lava Jato]”. Segundo o programa, a gravação ocorreu no fim de fevereiro, na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Servidor do Senado, Fabiano foi indicado para o CNJ por Renan. Silveira enviou à reportagem nota em que negou interferência na Lava Jato e afirmou ter passado “de passagem” na residência do Senado, sem saber da presença de Sérgio Machado. Ele negou relação com Machado e disse que esteve “involuntariamente” e em “conversa informal”. “Chega a ser despropósito sugerir que o Ministério Público (…) possa sofrer qualquer tipo de interferência”.